A privação do sono a curto prazo afeta a pressão arterial e a função cardíaca, de acordo com um estudo inédito liderado pelo pesquisador Daniel Kuetting, do Departamento de Radiologia Diagnóstica e Intervencionista da Universidade de Bonn, na Alemanha. A pesquisa será apresentada nesta sexta-feira (2), durante a reunião anual da Sociedade Radiológica da América do Norte, em Chicago, nos Estados Unidos.
Embora já se soubesse que a fadiga extrema conduz a alterações em muitos processos físicos, cognitivos e emocionais, a investigação de Kuetting foi a primeira a examinar o impacto de alterações do sono de pessoas que trabalham em turnos de 24 horas e têm poucas oportunidades para dormir. Nessa categoria se enquadram plantonistas de serviços de emergência médica, enfermeiros, médicos residentes, enfermeiros e bombeiros, entre outros.
“Nosso trabalho foi projetado para investigar a vida real das pessoas que trabalham em atividades que levam à privação do sono “, disse o pesquisador. O trabalho avaliou 20 radiologistas saudáveis com média de idade de 31,6 anos. Os participantes não consumiram cafeína ou alimentos e bebidas contendo teobromina, como chocolate, nozes ou chá, que oferecem ação estimulante. “Nós também não levamos em conta fatores como nível de estresse individual ou estímulos ambientais”.
“Pela primeira vez, conseguimos demonstrar que a privação de sono de curto prazo, no contexto dos turnos de 24 horas, pode levar a um aumento significativo na contratilidade do músculo cardíaco, da pressão arterial e da freqüência cardíaca”, afirmou o pesquisador.
Após a privação de sono de curta duração, os voluntários apresentaram aumentos significativos na média de pico da sua pressão arterial sistólica (conhecida também como máxima) e diastólica (a mínima).
Foram detectados também aumentos significativos da quantidade de batimentos cardíacos (a frequência cardíaca), nos níveis do cortisol, hormônio liberado pelo organismo em resposta ao estresse e em hormônios tireoideanos (TSH, T3 e T4).
O pesquisador acredita que os resultados deste estudo piloto podem ser aplicados a outras profissões em que os períodos longos de trabalho ininterrupto são comuns. “Essas descobertas podem nos ajudar a entender melhor como a carga de trabalho e a duração da mudança afetam a saúde pública”, disse Kuetting.
De fato, como as pessoas continuam a trabalhar mais horas ou em mais de uma atividade para pagar as contas, é realmente fundamental investigar os efeitos prejudiciais do trabalho por tempo prolongado e da falta de tempo para dormir.
Mais estudos são necessários, porém, para avaliar em grupos maiores os efeitos da atividade em turnos de 24 horas. Além disso, é fundamental estudar com maior precisão as alterações no organismo da mulher, uma vez que a amostra estudada por Kuetting reuniu 19 homens e uma única mulher.
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