“Quanto mais sabemos sobre o zika, pior parece o cenário”, diz Chan, da OMS

Em entrevista coletiva concedida na terça-feira (22) na sede da Organização Mundial da Saúde, em Genebra, Margaret Chan, diretora-geral da entidade, elevou bastante o tom de preocupação com o vírus zika. Para ela, ainda que faltem provas conclusivas sobre a associação entre o vírus e os casos de danos cerebrais e microcefalia em recém-nascidos, há evidências suficientes para que os países comecem a se planejar para absorver o possível impacto do problema em seus sistemas de saúde. “O tipo de ação urgente demandada por esta emergência em saúde pública não deve esperar por uma prova definitiva”, disse Chan. 

Chan deu coletiva de imprensa na terça-feira (22). Foto: Divulgação/World Health Organization
Margaret Chan, diretora-geral da OMS, em coletiva de imprensa na terça-feira (22). Foto: Divulgação/World Health Organization

A organização prevê o nascimento de muitos milhares de bebês que precisarão de cuidados, tratamentos e suporte para a vida terá sobre os sistemas de saúde.

Em sua fala inicial na coletiva, Chan fez uma afirmação contundente. “Quanto mais sabemos sobre o zika, pior parece o cenário.” Novos estudos começam a mostrar que a infecção pelo vírus pode estar associada a efeitos sobre outros efeitos sobre o sistema nervoso, como inflamações na medula e no cérebro.

As lideranças da OMS afirmaram também que não há como quão longe o vírus zika poderá chegar ou quantos países serão atingidos, causando mais e mais casos de síndrome de Guillain-Barré (leia abaixo Saiba mais sobre a Síndrome de Guillain-Barré) e microcefalia. À medida que a epidemia na América Latina não mostra sinais de enfraquecimento, a preocupação cresce sobre a potencial disseminação para países pobres da África e Ásia. Atualmente, mais da metade da população mundial vive em países onde circula o mosquito Aedes aegypti, o vetor que transmite os vírus causadores da dengue, da zika e da chikungunya.”Se esse padrão se confirmar para além da América Latina e Caribe, o mundo terá de enfrentar uma grave crise em saúde pública”, disse a diretora-geral Margaret Chan.

Danos cerebrais

 Durante a entrevista, Anthony Costello, o diretor de saúde materno-infantil da OMS, disse que grande parte das crianças nascidas com microcefalia cujas mães tiveram zika possuem danos cerebrais confirmados por tomografia computadorizada. Isso reforça o que vem sendo dito por médicos como o geneticista e especialista em medicina fetal Thomaz Gollop, professor da Universidade de São Paulo e o infectologista Artur Timerman, presidente da Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses. Eles afirmam que microcefalia é apenas um dos sintomas de uma síndrome fetal por zika que inclui danos cerebrais

Chan solicitou aos Estados membros da OMS o envio de US$ 56 milhões de dólares para ajudar a entidade a enfrentar essa crise, mas apenas US $ 3 milhões foram entregues até agora à Organização de Saúde Pan-Americana, a divisão regional para a América Latina. Ela disse que estava em discussões para obter mais US$ 4 milhões. Se necessário, ela avisou que fará empréstimos de outras áreas da OMS para reembolsar posteriormente. 

A entidade recomendou ainda estudos “cuidadosamente planejados” de duas novas estratégias para reduzir a infestação do Aedes: uma é infectar os mosquitos com a bactéria Wolbachia, que prejudica a capacidade do mosquito de transmitir infecções como a dengue e a zika. A outra é usar a manipulação genética.


As dimensões da epidemia de zika

> O vírus circula em pelo menos 59 países e territórios

> 12 dessas áreas relataram aumento de casos de Síndrome de Guillain-Barré, associados a resultados positivos para a infecção por zika

> Até agora, apenas Brasil e Panamá informaram casos de microcefalia associados à infecção por zika

> Na Colômbia, há casos de microcefalia em investigação

> No Brasil, 6.480 casos suspeitos de microcefalia por zika foram notificados, a maioria deles no Nordeste;
 2.212 foram totalmente investigados e 863 confirmados com anormalidades cerebrais, uma taxa de 39%.

Fonte: Organização Mundial da Saúde


Saiba mais sobre a Síndrome de Guillain-Barré

Os sintomas começam como uma fraqueza e formigamento nos pés e nas pernas que se espalham pela parte superior do corpo. 
Pode 
haver anormalidade ao caminhar, fraqueza dos braços e pernas, fraqueza muscular ou problemas de coordenação, fadiga ou sensação de desmaio, alteração na voz, arritmia cardíaca, dificuldade para engolir, disestesia, falta de ar, fraqueza facial, retenção urinária ou visão dupla. Pode ocorrer paralisia. A doença é considerada rara e requer diagnóstico médico. Se você acredita ter uma emergência médica, ligue para seu médico ou para um número de emergência imediatamente.
Observação: as informações exibidas descrevem o que geralmente acontece com uma condição clínica, mas não se aplicam a todas as pessoas. Entre em contato com um profissional da área de saúde se você apresentar um problema médico
Fonte: Hospital Israelita Albert Einstein. 

Assista depoimento de Luiz Momesso, que fez tratamento e venceu a síndrome. 


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