Sexo raramente é a causa do infarto, e a maioria dos pacientes que já sofreram um podem retomar a atividade sexual depois, segundo carta publicada nesta segunda-feira (18) no Journal of American College of Cardiology.
O infarto ou ataque cardíaco é a morte de parte do coração e ocorre geralmente porque um coágulo impediu a chegada do fluxo sanguíneo ao órgão. Sua principal causa é a aterosclerose, condição em que placas de gordura no interior das artérias dificultam a passagem do sangue.
No Brasil, o infarto é a segunda maior causa de morte. Cigarro, colesterol ruim em excesso, diabetes, hipertensão e obesidade são fatores de risco que também podem contribuir para a morte do músculo cardíaco.
E de onde será que vem o temor que preocupa tantos pacientes cardíacos de que o sexo pode ser a causa de um infarto? Ou de que ele pode ajudar a provocar outro quando o indivíduo já sofreu um?
A atividade física irregular, sem avaliação de risco para pacientes cardíacos, pode provocar uma situação de estresse agudo e levar à sobrecarga do músculo cardíaco. A atividade sexual, segundo a carta, geralmente envolve atividade física moderada, comparável a subir duas escadas ou fazer um rápido passeio.
Outro fator que pode tranquilizar muitos indivíduos é que a carta teve por base uma pesquisa bem fundamentada feita no Instituto de Epidemiologia e Medicina Biometria na Universidade de Ulm, Alemanha. Os cientistas analisaram 536 pacientes com doença cardíaca entre 30 e 70 anos de idade.
Para verificar a influência do sexo, os pesquisadores avaliaram a atividade sexual nos 12 meses antes de um ataque cardíaco. Eles também associaram a frequência com eventos cardiovasculares posteriores, incluindo ataque cardíaco fatal, acidente vascular cerebral ou morte cardiovascular.
Em um questionário, 14,9% dos pacientes relataram nenhuma atividade sexual nos 12 meses antes de seu ataque cardíaco, 4,7 % relataram relações sexuais menos de uma vez por mês, 25,4 % relataram menos de uma vez por semana e 55 % relataram uma ou mais vezes por semana.
Durante dez anos de acompanhamento, 100 eventos cardiovasculares adversos ocorreram em pacientes do estudo. A atividade sexual não foi um fator de risco para eventos cardiovasculares adversos posteriores.
Os pesquisadores também avaliaram o momento da última atividade sexual antes do ataque cardíaco. Apenas 0,7 % relataram relações sexuais dentro de uma hora antes do evento. Em comparação, mais de 78% relataram que sua última atividade sexual ocorreu mais de 24 horas antes do infarto.
“Com base em nossos dados, parece muito improvável que a atividade sexual seja um gatilho importante de ataque cardíaco”, disse Dietrich Rothenbacher, MD, MPH, principal autor do estudo e professor do Instituto de Epidemiologia e Medicina Biometria na Universidade de Ulm, Alemanha.
“Menos da metade dos homens e menos de um terço das mulheres estão recebendo informações de seus médicos sobre a atividade sexual após um ataque cardíaco. É importante para tranquilizar os pacientes que eles não precisam se preocupar e devem retomar a sua atividade sexual de costume.”
Outra informação que deve ser dita claramente, segundo os pesquisadores, é o potencial de disfunção erétil como efeito colateral de vários medicamentos e o risco de uma queda da pressão arterial a partir da combinação de determinados compostos para o coração com medicamentos para a disfunção erétil.
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