Saúde!Brasileiros – Como deve ser o tratamento dos tumores de estômago?
Felipe Coimbra – Quando o paciente tem suspeita ou confirmação de câncer de estômago, é preciso fazer uma série de exames que nos dirão o grau de avanço da doença. Para cada estadiamento há um tipo de tratamento que já sabemos ter um melhor resultado a médio e longo prazo.
De maneira geral, podemos dividir o estadiamento em três situações principais. Uma bem localizada, onde apenas a cirurgia (gastrectomia) e/ou a remoção por endoscopia é suficiente para se alcançar altos índices de cura.
Outra situação é a doença já mais avançada, mas ainda na região do tumor inicial, quando entendemos que já há um risco elevado da doença aparecer em locais mais distantes. Nesta situação, precisamos combinar tratamentos. A cirurgia tem como principal objetivo fazer a “limpeza” local da doença. Para evitar a recidiva em pontos distantes, devemos utilizar também a combinação com quimioterapia, por exemplo.
Se a doença for mais disseminada e detectada em pontos de outros órgãos, a prioridade do tratamento muda, e aí a quimioterapia torna-se o tratamento principal. Neste último caso, a maioria dos pacientes não precisa de cirurgia, a não ser que tenha algum sintoma importante diretamente causado pelo tumor primário.
Há mais centros além do A.C.Camargo fazendo cirurgias minimamente invasivas contra o câncer de estômago?
Muitos hospitais usam as técnicas minimamente invasivas de modo amplo, para operar problemas benignos. Mas apenas mais recentemente essas técnicas começaram a ser aplicadas em casos de câncer por alguns centros, entre eles o A.C.Camargo Cancer Center. Isso se deu a partir dos resultados de estudos que produziram evidências científicas confiáveis, do avanço tecnológico em equipamentos cirúrgicos e da maior experiência dos grupos cirúrgicos. Essa soma de fatores está promovendo um crescimento significativo da indicação das de cirurgias oncológicas complexas por videolaparoscopia ou robótica.
Em qual situação os médicos optam pela retirada do estômago?
Isso depende mais da localização do tumor. Aqueles que atingem a parte mais alta do órgão normalmente implicam na retirada total. Ela também pode ser indicada em alguns casos de doença hereditária ou alto risco de aparecimento de novos pontos da doença na mucosa de risco do estômago.
Como fica a vida do paciente após o câncer sem estômago ou parte dele?
Após a cirurgia de retirada do estômago, o passo seguinte é a reconstrução do caminho do alimento. Para fazer isso, criamos um canal usando o tecido do intestino delgado e o que restou do estômago ou esôfago para que o alimento continue seguindo um caminho mais próximo do habitual. Depois do processo de cicatrização, com orientação da equipe médica e da nutricionista, o paciente aos poucos retoma a sua alimentação. No início, porém, é necessário ter um cuidado especial com alguns alimentos, pois poderá haver intolerância. A quantidade por refeição também é reduzida. Com algumas algumas mudanças na alimentação, o paciente poderá ter vida normal.
É necessário tomar vitaminas pelo resto da vida?
Só nos casos em que houve a retirada completa do estômago está indicada a reposição de vitamina B12 para o resto da vida. Para os outros casos, a reposição é feita caso a caso de acordo com a necessidade de cada um.
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