Tirar fotografias aumenta ou diminuiu o prazer da experiência?

Aquela paisagem e aquela obra de arte finalmente estão diante dos seus olhos. O dia chegou. Mas qual é a melhor forma de aproveitar tudo isso? Se você tirar fotos para registrar o momento, estará perdendo a experiência? Vai criar um intermediário entre você e o objeto? Não há uma resposta simples para essas perguntas, mas estudo da Associação Americana de Psicologia sugere que há circunstâncias em que a fotografia pode aumentar o prazer da experiência.

O estudo foi publicado no Journal of Personality and Social Psychology e envolveu 2.000 participantes. Para a análise, indivíduos foram convidados a fazer uma atividade (por exemplo, pegar um ônibus ou comer em um restaurante). Antes, parte dos participantes tirou fotos e a outra parte recebeu a orientação de não fazer registros.

Resultado: aqueles que tiraram fotos relataram maior prazer com a atividade. “O ato de tirar fotos traz as pessoas para dentro da experiência e descobrimos que isso é crucial para a satisfação”, escreveram Kristin Diel, da Universidade do Sul da Califórnia, e Alixandra Barasch, da Universidade da Pensilvânia, autoras do estudo.

Para o aumento da satisfação, porém, a fotografia deve funcionar como uma via para um envolvimento com a experiência. “Nós mostramos que o ato de tirar fotografias pode aumentar o prazer pelo engajamento provocado”, escreveram as autoras.

Esse é o primeiro estudo, de acordo com a associação, a fazer uma pesquisa extensa para entender como tirar fotos afeta a apreciação e a satisfação com o momento. 

Jovem tira foto na Torre Eiffel, em Paris. Foto ilustrativa/Ingimage
Jovem tira foto na Torre Eiffel, em Paris. Foto ilustrativa/Ingimage

Brincar de ser fotógrafo também pode influenciar a atenção na atividade. Em um outro experimento, indivíduos foram instruídos a visitar um museu utilizando um óculos que acompanha movimentos oculares. Com a análise dos dados obtidos, pesquisadores concluíram que aqueles que tiraram fotos passaram mais tempo examinando os detalhes da exposição que aqueles que simplesmente a observaram.

Diehl e seus colegas também descobriram que o aumento da satisfação não está limitado à ação de tirar fotos com câmeras. Participantes também relataram níveis mais elevados de prazer depois de apenas tirar fotos “mentais” , ou seja, quando se preocuparam em guardar aquela experiência ou imagem na memória.

O efeito que a fotografia tem de aumentar o engajamento e a satisfação da experiência, no entanto, requer a participação ativa do fotógrafo, afirmam os pesquisadores. Câmeras que registram qualquer momento de uma experiência sem decisão ativa do indivíduo não produzem o mesmo efeito, disseram.


Quando as fotos não aumentam o prazer

Em algumas situações, no entanto, tirar fotos não teve um efeito positivo. E uma delas foi quando o participante já estava envolvido na experiência. Por exemplo, em uma outra etapa do estudo, parte dos indivíduos foi convidada a participar de um projeto de artes; a outra, apenas observou.  Enquanto tirar fotos aumentou o prazer dos observadores, o mesmo ato não afetou a apreciação dos participantes ativos da experiência.

Outro momento em que as fotos não aumentaram a satisfação foi quando o ato interferiu na experiência –como quando indivíduos tiveram que lidar com equipamentos pesados e volumosos.

Ainda, o engajamento provocado pela fotografia pode deixar uma experiência desagradável ainda pior. Em uma outra etapa do estudo, participantes foram para um safári virtual e observaram um bando de leões atacando um búfalo. Quem tirou foto, relatou níveis mais baixos de satisfação que aqueles que viram a mesma cena, mas não tiraram fotografias.


Fonte: “How Taking Photos Increases Enjoyment of Experiences”. Disponível aqui.


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