Um novo modelo diagnóstico para as doenças mentais

Cinquenta psicólogos e psiquiatras de todo o mundo se juntaram para delinear um novo modelo de diagnóstico para as doenças mentais.  O projeto nasceu da constatação comum de que a referência utilizada por todos hoje para o diagnóstico na área, o DSM-5, é fundamentalmente falho. Os profissionais esperam que a iniciativa mude a classificação e o diagnóstico dessas doenças. Tudo isso está publicado em estudo na edição de março do Journal of Abnormal Psychology. 

“Não ficamos satisfeitos com as revisões que foram feitas no DSM-5”, disse David Watson, que participou das discussões do DSM. Para Watson, o manual é conservador e não conseguiu incorporar importantes evidências científicas mais recentes sobre as psicopatologias. 

O uso prolongado de benzodiazepínicos deve ser evitado pelos seus altos riscos, afirmam especialistas. Foto: Ingimage
O modelo de diagnóstico pode aferir diferentes níveis de gravidade para a psicopatologia.  Foto ilustrativa/Ingimage

O modelo que o consórcio propõe foi chamado de “Taxonomia Hierárquica da Psicopatologia” (HiTOP, na sigla em inglês). A principal diferença entre ele o DSM é que, enquanto o último dá o diagnóstico a partir de um número de sintomas, o modelo do consórcio permite também uma avaliação da gravidade da doença. 

“Se você atende aos critérios diagnósticos do DSM para a depressão, você é diagnosticado como deprimido. Se você não cumprir esses critérios, você simplesmente é classificado como não deprimido”, disse Watson.

Esse tipo de diagnóstico não corresponde aos paradigmas mais modernos da psicopatologia, segundo o especialista, que enxerga as doenças como um continuum. Isso significa que há várias dimensões e níveis diferentes dos distúrbios – assim, mesmo aqueles que não atendem exatamente ao critério, podem ser objeto de tratamento a depender do caso. 

As vantagens dessa classificação incluem tratamentos mais específicos, além de permitir que pesquisadores e clínicos reconheçam a existência de problemas significativos que, atualmente, estão fora dos parâmetros para o diagnóstico pelo DSM.

O método também permite compreender mecanismos que podem estar por trás de várias condições ao mesmo tempo. “Muitas das mesmas vulnerabilidades e fatores de risco têm sido associados à depressão maior e ao transtorno de ansiedade generalizada”, diz Watson. 

Para chegar ao modelo, os pesquisadores usaram grandes estudos epidemiológicos nos Estados Unidos, Austrália, Holanda e outros países. O intuito foi coletar dados sobre como as formas mais comuns de psicopatologia estão relacionadas. Mais informações podem ser encontradas no estudo sobre o método. 


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