O Brasil é um dos países onde mais se consome agrotóxicos no mundo. Em volume, só em 2014 foram comercializadas mais de 914 mil toneladas de agrotóxicos por aqui. No ano passado, as vendas de pesticidas em 2015 totalizaram US$ 9,6 bilhões. Essas são algumas das informações disponíveis no Portal de Dados Abertos sobre Agrotóxicos, desenvolvido na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) pelo Grupo de Engenharia do Conhecimento (Greco).
Instituições como a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva) fornecerão dados para o portal. Os números serão divulgados com fácil acesso, em formatos que possibilitem a reutilização dos dados. “Hoje, alguns dados não são publicados, ou são, mas em formato PDF [Portable Document Format], por exemplo, o que dificulta a leitura por computadores e sua divulgação”, diz Maria Luiza Machado, uma das coordenadoras do Greco e professora no Departamento de Ciência da Computação da UFRJ.
O projeto, que também incluiu a criação de um Observatório de Atenção Permanente ao Uso de Agrotóxicos, foi contemplado pela FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro). A campanha visa combater a utilização de agrotóxicos e a ação de suas empresas (produtoras e comercializadoras), apontando as contradições geradas pelo modelo de produção baseado no agronegócio.
A iniciativa atende à necessidade de transparência em relação aos dados de interesse público, formalizada pela Lei de Acesso à Informação, cujo decreto ocorreu em 2012.
Com a contribuição do portal e o avanço da pesquisa sobre agrotóxicos no Brasil, espera-se ter subsídios para responder, com mais precisão, à pergunta: o quanto de agrotóxicos um brasileiro consome, em média, em seu prato de comida?
De acordo com os pesquisadores, ainda faltam dados consistentes para desvendar essa questão, mas as expectativas não são animadoras. “Não conseguimos reunir dados atualizados, mas, em 2008, a indústria de agrotóxicos divulgou com muito orgulho que o consumo per capita foi de aproximadamente 5,2 litros de agrotóxicos naquele ano”, diz Alan Tygel, pós-graduando na UFRJ e mentor da ideia do portal.
Ainda, no Portal de Dados Abertos sobre Agrotóxicos podem ser pesquisados conjuntos de informações sobre a comercialização de agrotóxicos, a produção orgânica, conflitos gerados pelo agronegócio, o registro de intoxicação, a produção de transgênicos, doenças relacionadas à agrotóxicos e outras informações.
Com informações de FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro)
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