USP vai congelar sangue de brasileiros para construir ‘banco de genes’

A USP (Universidade de São Paulo) iniciou projeto para um banco de genes só com material genético da população brasileira. A universidade vai congelar o sangue de voluntários e transformar o material em células-tronco. Uma biblioteca inicial com 23 linhagens celulares já foi criada por cientistas do LaNCE (Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias) da universidade. Estudo com resultado de análise parcial foi publicado no  Scientific Reports.

Além do conhecimento da diversidade genética da população, a ideia da USP é fazer o estudo genético de doenças comuns como a hipertensão.

O banco também poderá ser utilizado para testes de medicamentos – em alguns casos, com a possibilidade de substituição de testes em animais. 

As células-tronco desenvolvidas pela USP são do tipo pluripotentes -aquelas com potencial de se transformarem em qualquer tecido do corpo humano. Com isso, células cardíacas, por exemplo, podem indicar se o novo medicamento é tóxico para o coração. 

Outra possibilidade é a realização de testes com medicamentos já existentes para verificar o porquê de não terem eficácia para um determinado grupo de pacientes. Em muitos casos, a resposta está na genética. 

Banco genético fez parceria com estudo de longo prazo para estudar os genes da população brasileira. Imagem: montagem sobre foto de Marcos Santos/USP Imagens
Banco genético fez parceria com estudo de longo prazo para estudar os genes da população brasileira. Imagem: montagem sobre foto de Marcos Santos/USP Imagens

O projeto teve a parceria do Estudo ELSA-Brasil (Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto), um estudo coordenado pela USP e financiado pelo Ministério da Saúde. O ELSA é um projeto que tem a participação de 6 universidades públicas brasileiras. No projeto de longo prazo, cientistas seguem 15 mil brasileiros com exames e entrevistas periódicas.

A parceria entre os projetos vai permitir que o banco genético colha  o sangue de parte desses participantes. Vários estudos, então, serão produzidos pelo cruzamento da genética com as entrevistas periódicas.


Estudo publicado na Nature

A USP já conseguiu, com esse material, analisar a composição genética de parte da população. A universidade congelou material genético de 1.872. Desse número, células de 18 indivíduos foram reprogramadas e transformadas em células-tronco. 

Desse total, a análise mostrou que as células têm uma contribuição europeia que varia de 14,2% a 95%; africana de 1,6% a 55%; e indígena de 7% a 56%.

O estudo foi publicado na Scientific Reports, periódico do grupo Nature.

Com informações do Núcleo de Divulgação Científica da USP.


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