Por que tanta gente que você conhece parece ter câncer? A verdade é que o câncer já está e estará cada vez mais próximo de todos nós nos próximos anos. Os dados estatísticos são alarmantes: segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer), serão 580 mil novos casos somente em 2015. Mas também assusta e preocupa um dado trazido do nosso dia a dia, que é o grande número de pessoas que ainda têm medo de pronunciar a palavra câncer.
O medo é quase uma doença à parte. Ele paralisa e impede que as pessoas se cuidem adequadamente ou que façam os exames no momento correto. Claro que quando falamos em combater a doença, as barreiras e problemas são muitos e passam por sérias questões estruturais, como a fila para realização de exames, a falta de máquinas, de salas, de equipamentos, de pessoas e também de políticas públicas mais adequadas.
O certo é procurar o médico quando ainda estamos saudáveis. Mas, ao fazê-lo, ainda ouvimos: “Quem procura, acha… e eu não quero achar um câncer!” Sim, quem quer? E justamente por isso vale ressaltar que hábitos de vida saudáveis (não fumar, não ser obeso e nem sedentário) e exames preventivos (como a colonoscopia) podem evitar um câncer; e que os exames de detecção precoce (mamografia, por exemplo) podem revelar um câncer bem no início.
Também pelo medo “de descobrir um câncer” algumas pessoas escondem ou silenciam sintomas e dores de suas famílias, de seus médicos e até de si mesmas, o que pode acarretar um diagnóstico tardio, o que é complicador importante e muito real em nosso País. Aqui, vemos pessoas conviverem por anos com os sintomas antes de irem ao médico. Isso precisa mudar.
Outro problema ligado ao medo dessa tão desconhecida e aterrorizante doença é quando pessoas se afastam de pacientes com câncer, deixando de oferecer o conforto e o apoio tão esperados e essenciais no enfrentamento desse momento.
E ainda por medo, e dessa vez, da retaliação e da punição, pacientes se sentem inseguros e sem coragem de lutar por seus direitos, principalmente aqueles que lhes garantem dignidade no atendimento e tratamento contra o câncer.
Para cada um desses medos (que muitas vezes trazem consigo situações de insegurança, carências sociais e dificuldades para a priorização da própria saúde), temos histórias reais que pretendo compartilhar aqui com vocês.
Mas, como acredito que informação também salva vidas e que somos o capitão da nossa vida, ou seja, aquele que se informa e participa ativamente de seu autocuidado na saúde ou na doença, também temos histórias como a da senhora Deise, de 67 anos, usuária do SUS, que ao se sentir desrespeitada no agendamento de seu tratamento, avisou que iria a ouvidoria e foi! Resultado: teve sua consulta antecipada e um câncer diagnosticado num estágio inicial. Hoje, respira aliviada, sem medo do câncer!
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