A direção do CDC (Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos) anunciou na terça-feira (2) que pode haver risco de transmissão sexual do Zika vírus. O anúncio foi feito após a idenficação de um paciente infectado em solo americano que não viajou a nenhum país com casos de Zika e que manteve relações sexuais com parceiro que voltou recentemente da Venezuela, uma das áreas onde se registram casos de zika e infestação do mosquito vetor.
Em entrevista à rede BBC, a vice-diretora do CDC, Anne Schuchat, disse que “o laboratório do CDC confirmou o primeiro caso de Zika vírus em um não viajante. Nós não acreditamos que o contágio tenha ocorrido por meio de picadas de mosquito, mas sim por contato sexual.” A informação aumentou o temor de uma propagação rápida da doença, suspeita de causar malformações no cérebro de fetos.
A possibilidade de transmissão sexual, segundo declarou a vice-diretora Schuchat à BBC, já fora mencionada anteriormente em num documento de 2011. Um cientista americano que voltou do Senegal teria transmitido a Zika à sua esposa nos Estados Unidos, que não estivera em regiões afetadas pelo Aedes.
O CDC anunciou ainda que fornecerá mais orientações e informações sobre a transmissão sexual, mas frisou que “parceiros sexuais podem proteger uns aos outros usando preservativos para evitar a propagação de doenças sexualmente transmissíveis. As pessoas que têm a infecção do vírus Zika pode proteger os outros, impedindo picadas de mosquito adicionais. “
O risco de transmissão sexual da Zika reforça a recomendação de usar camisinha em todas as relações sexuais.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que mais estudos são necessários para confirmar essa tese. E reforçou a necessidade de usar preservativos em todas as relações sexuais. Em entrevista à rede CNN, Tom Frieden, diretor do CDC, disse que estudos sobre a transmissão sexual são difíceis de fazer, mas as investigações para averiguar essa via de transmissão continuam.
O Zika vírus tem sido associado a possíveis complicações neurológicas e malformações em fetos, o vírus é transmitido aos seres humanos pela picada de mosquitos infectados da espécie Aedes aegypti.
Zika no mundo
Por causa da epidemia, os ministros da Saúde do Mercosul, mercado comum do continente sul-americano, o mais afetado pelo vírus, vão reunir-se na quarta-feira (3) para avaliar a situação epidemiológica em relação a doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, também responsável pela transmissão da dengue e do chikungunya.
A Cruz Vermelha apelou para que sejam feitos donativos para a luta contra a epidemia de Zika, que pode ser potencialmente perigosa para mulheres grávidas. Até agora, foram detetados casos de infeção com vírus Zika na América Latina, África e Ásia. “A única maneira de impedir o vírus Zika é controlar os mosquitos ou parar completamente o seu contato com os seres humanos, acompanhando esta ação para reduzir a pobreza”, informou, em comunicado, a Cruz Vermelha.
A Organização Mundial de Saúde considerou segunda-feira (1º) a epidemia como “emergência de saúde pública de alcance global”. Na Europa e na América do Norte, dezenas de casos foram relatados, mas as temperaturas frias impedem a sobrevivência do mosquito.
A OMS alertou que a epidemia do vírus Zika poderá afetar entre 3 e 4 milhões de pessoas no continente americano. O Brasil e a Colômbia são os países onde se registam mais casos de infetados e de suspeitos.
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