Depois de 17 anos à frente do Record, maior grupo editorial do País, Luciana deu uma guinada. Há dois anos deixou de vender livros para vender ideias. Encarou dois desafios: atuar em um segmento que vislumbra uma encruzilhada tecnológica e representar autores em um País sem leitores. Criou a agência literária Villas-Boas & Moss, em parceria com o advogado americano Raymond Moss, com sede no Rio e escritórios em Nova York e Atlanta. “Senti vontade de me dedicar mais à literatura. O aprimoramento literário da sociedade brasileira depende da profissionalização do meio editorial, e a figura do agente é crucial”, conta. Luciana não teme o apocalipse anunciado e, na era digital, ela ainda acredita na sobrevivência do livro físico. “As mídias vão conviver. O negócio editorial digital pressupõe a edição em papel.” A autopublicação também não a assusta: “Ela é a última opção para um autor. Ele só parte para a autopublicação quando não é contratado. Seu sonho é ser identificado por uma grande editora”. Aos 54 anos, a agente revela haver entre muitos editores internacionais a expectativa de que em algum momento saia do Brasil um livro excepcional, “que abra portas para nossa literatura e nos represente literariamente como nação”. Isso, porém, requer visibilidade no próprio quintal. “A literatura brasileira precisa ser lida no Brasil antes de se mostrar com autoridade no exterior.”
À pergunta “Quais são os desafios futuros?”, Atayde responde: “Estamos querendo descobrir o mais rápido possível”. A princípio, pode parecer insegurança. Mas, aos 56 anos, o líder e um dos fundadores da Central Única das Favelas (CUFA) sabe bem o que quer. Tanto sabe que, em 2013, 15 anos depois do nascimento da CUFA, Atayde criou a Favela Holding, organização empresarial voltada para o mercado mais ignorado do Brasil. Entre empresas de pesquisa, de venda de passagens aéreas, de distribuição, a holding cresce e atrai parceiros como P&G, TIM e Honda. “Visamos lucro”, avisa. A diferença é que o ganho fica para a entidade, que assim vai promovendo a chamada “revolução social”, agora “também por vias econômicas”. “Não adianta ter orgulho de sermos a sexta economia do mundo e a favela não se desenvolver.” A CUFA nasceu do movimento hip hop. “Tínhamos mais discurso do que prática. Fiz uma cisão no movimento e criamos uma organização que praticaria o que pregava.” Cerca de 600 jovens se juntaram ao debate. O povo do asfalto também foi convidado. Quando o diretor Cacá Diegues apareceu, criou-se um grupo focado em cinema. Nasceram filmes como Falcão, Meninos do Tráfico. O audiovisual ainda é importante na CUFA. Uma das empresas da holding é a Confusão Filmes. Entre os objetivos da CUFA estão construir credibilidade contra o estigma da favela e obter qualificação para melhorar a gestão.
O fundador da boo-box, empresa de publicidade digital criada em 2006, prevê uma revoada das verbas publicitárias em direção à internet. Direcionamento é o nome do jogo. Agências digitais conseguem mirar e acertar o consumidor-alvo com a precisão que só a web possui. A lógica
da boo-box é simples. Com a chegada das redes sociais,
a página inicial dos computadores deixou de ser, necessariamente, um grande portal. Muitos adotaram os buscadores e as redes sociais. A audiência na internet foi pulverizada. O anunciante ganhou a possibilidade de falar com cinco mil ou dez mil pessoas facilmente, de forma bem direcionada, de acordo com a audiência. Com exceção de quem opta por navegar em modo privado, toda página que se abre na web é monitorada. As agências digitais conseguem ter um perfil detalhado de cada usuário. “Posso entrar no mesmo site que a minha mulher no mesmo instante e receber uma propaganda com o meu perfil e ela uma completamente diferente, com o perfil dela”, explica o empresário, de 27 anos. Graças a isso, a boo-box exibe 30 milhões de anúncios por dia. É por essa, entre outras razões, que Gomes prevê: dentro de três ou quatro anos a verba publicitária da internet vai se equiparar à da TV – e em seguida ultrapassá-la.
O segredo está na disparidade entre o tempo gasto entre os dois meios. Acredita-se que as pessoas passem a maior parte de seu tempo livre, cerca de 60% dele, nas mídias digitais. Mas a internet dispõe somente de 10% da verba publicitária.
Sofisticado e inclusivo
A proposta é fazer da marmita um objeto “cult” e permitir que se desfrute, fora de casa, do mesmo sabor e qualidade da comida caseira. E com algum grau de requinte. Junto com Carlos Otávio da Costa, Ferreirinha lançou em 2013 a Bento Store, rede especializada em marmitas e acessórios. Baseada no conceito do bentô – tradicional marmita japonesa –, a ideia é provar que levar a própria comida pode ser chique. Foram dois anos de projeto. A premissa, indicada por pesquisa, é que o Brasil tem o mercado que mais cresce em produtos e serviços ligados à beleza e ao bem-estar. E não pense que a aposta é apenas no público abonado. A dupla acredita também no consumidor emergente, que eventualmente pode se dar ao luxo de aquisições que mexam com a autoestima. No começo, a ideia era falar em “lunch box” e “lunch bag”. Mas logo o consumidor mostrou não estar preocupado com o preconceito. O termo “marmita chique” não incomoda nem um pouco. Dono de uma consultoria, Ferreirinha, 44 anos, conta que a experiência empresarial não o ajudou a escalar a montanha da burocracia. Com produtos de nove países, a rede terá os primeiros fornecedores nacionais no segundo semestre. O desafio é melhorar a distribuição – hoje em São Paulo, Rio, Recife, Porto Alegre e interior paulista. “Queremos ter uma distribuição nacional já no próximo ano.”
Deixe um comentário