Coronel Malhães é encontrado morto no Rio

Marcelo Oliveira / ASCOM – CNV.
Marcelo Oliveira / ASCOM – CNV.

O coronel da reserva Paulo Malhães foi encontrado morto na manhã desta sexta-feira (25) dentro de sua casa, num sítio do bairro Marapicu, zona rural de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

O militar da reserva teve atuou na repressão política durante a ditadura militar. No mês passado, em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, ele assumiu ter participado de torturas, mortes e desaparecimentos de presos políticos. Ele estava sendo questionado sobre o desaparecimento do corpo do Deputado Rubens Paiva.

Segundo a filha de Malhães, três pessoas entraram na casa do coronel na tarde de quinta-feira (24), prenderam a mulher dele num aposento e mataram ele por sufocamento. O grupo levou todas as armas que ele tinha em casa.

Segundo investigadores da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense, que acabam de realizar uma perícia no local, Malhães ficou em poder dos bandidos de 13h às 22h, segundo o relato de testemunha.

Policiais apreenderam na casa um rifle e uma garrucha antigas e colheram impressões digitais, que serão analisadas. Nadine Borges, integrante da Comissão Estadual da Verdade e responsável por tomar o depoimento de Malhães, cobrou uma investigação célere. Segundo ela, este não pode ser tratado como crime comum.

Em depoimento dado à Comissão da Verdade, em março, o coronel afirmou: “Matei tantas pessoas quanto foram necessárias“. Na data, a Carta Capital fez uma edição com as principais falas deste depoimento, que pode ser visto no vídeo abaixo:



Comentários

2 respostas para “Coronel Malhães é encontrado morto no Rio”

  1. Avatar de Samuel Bueno
    Samuel Bueno

    Assim como outros que fizeram parte do aparato repressivo durante o
    regime militar, o coronel Paulo Malhães tinha a mente bastante
    semelhante à de um SS nazista – ou até pior, porque aparentemente ele
    não tinha a menor noção de que era culpado por violações dos Direitos
    Humanos e, ao contrário de muitos criminosos de guerra alemães, por
    exemplo, não procurou disfarçar seu papel de torturador e assassino de
    pessoas desarmadas que manteve em cárcere privado, ao arrepio até mesmo
    da draconiana legislação vigente à época no Brasil. Apesar de não ter
    remorsos por seus crimes, ele não era exatamente um psicopata, pois
    estes em geral não se condoem de ninguém e, ao que Malhães revelou
    durante sua entrevista à Comissão da Verdade, ele tinha lampejos de
    misericórdia e chegou a ter piedade da família do deputado Rubens Paiva,
    trucidado barbaramente pelos bisonhos agentes da Gestapo tupiniquim. O
    coronel foi mais um facínora a serviço de uma ditadura insana, como
    tantas outras, de direita e esquerda. A existência de oficiais militares
    e soldados do tipo de Malhães, que atuaram com o pleno conhecimento de
    seus superiores e sob a responsabilidade de autoridades políticas que
    dirigiam o país, manchou indelevelmente a honra das forças armadas
    brasileiras, o que é de lamentar, pois a essa instituição é de
    fundamental importância para garantir a soberania do país. Esclareço
    que, com tal constatação, não quero aliviar o papel nefasto dos
    aventureiros que optaram pela realização de ações armadas e perpetraram
    análogos desatinos em nome de um discurso ideológico primário,
    amplamente condenado à época até pelos verdadeiros comunistas. Apenas reparo
    que, com uma infraestrutura de poder muito superior a de seus adversários, os organismos de repressão enlamearam a história do Brasil com seu comportamento delituoso (para não dizer pior…), que só foi possível mediante tácita permissão outorgada pela ditadura para o funcionamento clandestino de aberrações como a ¨casa da morte¨de Petrópolis, onde se praticaram atrocidades como as que descreveu Malhães.

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