Por que não usamos o sol a nosso favor?

Em janeiro, as regiões Sudeste e Centro-Oeste do país enfrentaram a pior estiagem desde 1954. A falta de chuvas baixou drasticamente o nível dos reservatórios. No maior sistema de abastecimento de água da Grande São Paulo, o Cantareira, o índice chegou a 18,2% no dia 19 de fevereiro. No Nordeste, a situação também é crítica, com o nível dos reservatórios em 34,88%, segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS). 

Além da falta de chuvas, o forte calor registrado no país mudou a “hora da ponta”, como é chamado o momento máximo do consumo de energia elétrica. Historicamente, esse momento ocorre das 18h às 20h, quando as pessoas chegam em casa do trabalho e fazem uso do chuveiro elétrico. Mas, neste janeiro, o pico do consumo aconteceu entre 14h e 16h. Foi nesse período que ocorreram os mais recentes recordes de produção de energia, chegando a 83.307 MW, segundo o ONS. O principal motivo dessa mudança foi o calor e o consequente uso do ar-condicionado.

Para atender essa demanda, as usinas geram o máximo de energia que podem, as térmicas são acionadas e os reservatórios esvaziados. Isso resulta em tarifa mais alta para cobrir as térmicas, falta de água nas usinas hidrelétricas e possíveis apagões.

Mas se o calor, associado à forte presença do sol, é a principal causa do problema, por que não usamos o sol a nosso favor, incentivando a implantação de usinas solares na regiões de maior insolação? Essa é a questão levantada por Mauro Passos em artigo publicado no jornal Valor (20/02).

Presidente do Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas na América Latina, Passos conta que a produção de geração fotovoltaica atingiu recordes em janeiro. “Em Minas Gerais, por exemplo, um sistema de 6,58 kWp instalado em uma empresa de informática gerou em janeiro 950 kWh, 48% a mais que no mesmo período do ano passado. No Rio de Janeiro, o proprietário de um sistema residencial também festeja. A micro usina de 2kWp gerou 308 kWh, superando a média dos meses anteriores em 38%.”

À primeira vista, reconhece Passos, usinas de tal porte podem parecer insignificantes diante do consumo nacional. Mas, em grande volume, podem ajudar o sistema. Em 2014, segundo o especialista, a previsão é que sejam instalados no mundo mais de 40 GWp, entre instalações em telhados e usinas solares.

Embora seja um país com muito sol, a utilização de energia solar no Brasil ainda é pífia. Passos, no entanto, acredita que sua participação na matriz energética brasileira deverá crescer exponencialmente nos próximos anos.

Ele aponta os motivos: “Por estar disponível a todos e ser a única fonte renovável onde você pode gerar junto ao consumo – nos telhados e estacionamentos de casas, aeroportos, shoppings e supermercados. E pela necessidade, diante da fragilidade dos reservatórios perante a prolongada seca que vivenciamos. A complementaridade dessa fonte limpa e inesgotável com a nossa matriz de base hídrica é perfeita. O sol que castiga os reservatórios, reduzindo o nível de água, é o mesmo que pode estar gerando energia e preservando o volume de água.”

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