Aloysio Campos da Paz: um homem, uma história

O médico Aloysio Campos da Paz Júnior, fundador da Rede Sarah- Elza Fiuza/Arquivo Agência Brasil
O médico Aloysio Campos da Paz Júnior, fundador da Rede Sarah- Elza Fiuza/Arquivo Agência Brasil

O médico Aloysio Campos da Paz Filho, criador a Rede Sarah de Hospitais do Aparelho Locomotor, talvez a mais perfeita tradução do que e´ um hospital público de qualidade e padrões internacionais, foi sepultado nesta segunda-feira (26) no final da tarde no Cemitério do Campo da Esperança, um enorme espaço verde, com gramados e muitas, muitas árvores, em Brasília.

Saudado pela presidenta Dilma Roussef como o criador de uma filosofia de trabalho onde “cada paciente era tratado com base no seu potencial e não nas suas dificuldades”, Campos da Paz deixou uma obra física – a rede de nove hospitais espalhados por Brasília, Rio de Janeiro e mais seis capitais – e uma quase espiritual, de filosofia e métodos de tratamento, cura e reabilitação.

Para Dilma, “o Brasil e a medicina são devedores da sua dedicação e determinação, que fizeram da Rede Sarah uma referencia mundial.

Esse modelo Sarah, que junta a pesquisa científica e médica avançadas a um cuidado com os pacientes e suas famílias que começa, de maneira, digamos, prosaica com as chamadas “filas sentadas” de espera pelo atendimento medico em áreas amplas, cercadas por jardins e espaços livres projetados pelo parceiro de longa data, o arquiteto Joao Filgueiras Lima, o Lele´ (falecido no segundo semestre do ano passado), fez com que quase cinco mil pessoas fizessem questão de comparecer aos velórios.

Sim, foram dois, – o primeiro no próprio Sarah Centro, em Brasília, onde Campos da Paz morrera no domingo 25, e o segundo, de tarde, no cemitério projetado por Lúcio Costa. Afinal de contas, desde a implantação do Sarah em 1968, com Campos da Paz empregando, depois de muita luta, o padrão inglês da saúde publica e do atendimento hospitalar gratuito, muitos milhares de pessoas de todo o Brasil e também do exterior (a maior parte vinda das camadas menos favorecidas da população) foram curadas os tiveram seus males amenizados.

A consciência disso certamente fez com que os moradores da capital federal sentissem a necessidade de se despedir do dr. Campos.

Evidentemente, junto com os milhares anônimos estavam o ex-presidente José Sarney, o senador e ex-governador de Brasília Cristovam Buarque, o governador atual, Rodrigo Rollemberg, nascido em Brasília, e, entre outros, o ministro da Saúde, Arthur Chioro.

“Eu cresci vendo a luta do dr. Campos da Paz, acompanhei, com entusiasmo, sua luta para implantar o Sarah, vendo ele vestir a camisa do serviço publico, não fugindo do debate de pontos polêmicos e de opiniões contrarias aos que achavam que não seria possível implantar no Brasil a filosofia de que o serviço publico, com a saúde, o atendimento medico e hospitalar em destaque, deveria tratar a todos sem distinção. afirmou, entusiasmado, o ministro Chioro a Brasileiros. Para o ministro, Campos da Paz mostrou a todos que dar atendimento medico de qualidade dentro de uma rede publica de saúde “não era uma caridade e sim atender a um direito”.

Arthur Chioro lembra que, poucos anos atrás, quando foi inaugurado o novo Hospital de São Bernardo, construído durante sua gestão como Secretário Municipal de Saúde, o que mais o deixou satisfeito foi ouvir da presidenta Dilma que o hospital “era tão bom que parecia com a Rede Sarah”.

O ministro destacou que Campos da Paz, além de tornar o Sarah um padrão de qualidade e de avanço medico não apenas para o Brasil, mas para o Exterior, soube montar equipes de profissionais de alta qualidade, com uma capacidade de integrar, de humanizar a medicina com a arte, a educação.

Para Arthur Chioro, a dra. Lucia Villadino Braga, Presidente da Rede Sarah desde 2004, hoje neurocientista reconhecida internacionalmente, e que começou no Sarah em Brasilia 38 anos atrás participando de atividades lúdico e recreativas para crianças internadas no hospital (sua graduação pela UnB é em Musica), seria uma das melhores definições desta formação integral.

A outra definição, claro, era o próprio Aloysio, que além de medico ortopedista, era um trompetista de boas qualidades musicais. E muita gente acredita que hoje o Céu está mais musical, com o reencontro entre o trompete de Aloysio e o piano de Lelé.


Comentários

Uma resposta para “Aloysio Campos da Paz: um homem, uma história”

  1. Avatar de GERALDA ALVES silva
    GERALDA ALVES silva

    FOI COM MUITA TRISTEZA QUE FIZ hidro hoje, quando cheguei no lago norte estavam passando um documentário ou SLID ME SEGUREI PRA NAÕ CHORAR.
    Sou paciente do SArah desde 1970.Fumei muito com o DR. CAMPOS ele ia pra minha enfermaria , fumar e conversar.DEUS O TENHA EM BOM LUGAR UM aBRAÇO.

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