A fabricante de smartphones chinesa Xiaomi fez sua fama ao conseguir vender smartphones semelhantes ao iPhone cobrando apenas um terço do preço dos produtos da Apple. O segredo? Usar a internet como plataforma de vendas e enxugar os custos, mantendo o preço dos seus telefones para o consumidor pouco acima do que ela gasta para produzi-los.
A companhia chinesa, que com menos de cinco anos de vida consegue derrubar gigantes como Apple e Samsung no território chinês, aponta seu modelo de negócios como a principal razão para vender aparelhos de última tecnologia a preços bem inferiores aos de seus maiores concorrentes. O modelo de negócio da Xiaomi evita encargos financeiros quando deixa de lado práticas de marketing e de distribuição tradicionais. E é na Internet que a gigante concentra combustível para suas vendas.
Desde o início do ano, quando anunciou sua vinda para o Brasil , a “Apple Chinesa” não confirmou quais smartphones pretende vender por aqui e muito menos divulgou o preço. O anúncio oficial será realizado nesta terça-feira (30/06) durante evento em São Paulo, onde fica o escritório local da empresa, cujo nome quer dizer “pequeno grão de arroz”. Além do Brasil, os planos de expansão da Xiaomi incluem também México e Rússia.
Responsável pela expansão internacional da marca, o brasileiro Hugo Barra (ex-Google) confirma em um vídeo publicado na página do Facebook Xiaomi Brasil, que o modelo de vendas no Brasil será o mesmo usado na China e Índia: a Internet.
“Uma das características únicas da Xiaomi é que somos uma empresa de internet, uma empresa de comércio eletrônico. E o comércio eletrônico é o nosso principal canal de vendas pelo mundo. No Brasil não vai ser diferente e o e-commerce será nosso principal, porém não único, canal de vendas no país inteiro”, afirmou Barra.
Por que a Xiaomi consegue vender tão barato?
Quando a Xiaomi revelou seu primeiro Mi 1 em agosto de 2011, a atenção se voltou para o preço do aparelho. Consumidores conseguiam comprar então um smartphone de última tecnologia por 1,999 yuan, na época o equivalente a US$324.
Era uma grande barganha comparada a telefones similares da época, caso do iPhone 4, cujo valor inicial era de 4,999 yuan. E a Xiaomi conseguiu manter seu preço para o telefone carro-chefe da companhia, além de ter lançado uma linha de produtos – a Hongmi – telefones mais populares a preços mais populares ainda, com preço inicial de 699 yuan.
Mas mesmo que a Xiaomi mantenha preços baixos para seus telefones, ela ainda consegue lucrar com suas vendas. Claro. No caso do Mi 3, o dispositivo teria custo de fabricação de US$ 157 , de acordo com a Fomalhaut Techno Solutions. “Acredito que eles estejam lucrando, no mínimo, 100 dólares por unidade com o Mi 3”, estimou na época de lançamento do telefone, Minatake Kashio, diretor da Fomalhaut, contabilizando nesse valor já os custos de distribuição da Xiaomi.
Diferente de suas concorrentes, a empresa não investe em publicidade tradicional. Ela não tem uma grande rede de lojas físicas que exigiria uma grande equipe para mantê-las. Ao invés disso, ela cortou tais custos e vende a maior parte de seus telefones diretamente aos seus clientes por meio do e-commerce.
Além de dirigir sua própria loja online, a Xiaomi vende por meio do site Tmall.com, um das maiores varejistas online da China. Os sites não só oferecem aparelhos, mas também acessórios incluindo headphones, camisetas e até mesmos os mascotes da companhia.
Para aumentar sua popularidade, a empresa conta com redes sociais, a imprensa e seus próprios clientes, conhecidos como “Mi fãs” para ajudar a espalhar o valor da marca pelo mundo.
O resultado da exposição pode não estar no mesmo patamar que Samsung ou Apple, mas a prática permite que a Xiaomi foque em consumidores mais jovens já acostumados em utilizar a Internet para comprar produtos online.
Quantidades limitadas
Agora, conseguir colocar suas mãos em um smartphone Xiaomi é outro assunto. Os aparelhos da gigante chinesa tendem a esgotar em minutos após o lançamento de um modelo. Lançar apenas uma quantidade limitada de telefones a cada semana tem sido um ponto estratégico nos negócios da Xiaomi – já que ajuda a companhia a manter seus custos baixos.
E a relação é um tanto óbvia: a empresa enfrenta riscos menores através da gestão de um inventário menor. Da mesma forma, permite aumentar a produção gradualmente, conseguindo economia já que os custos dos componentes tendem a diminuir ao longo do tempo.
A longo prazo, a Xiaomi quer gerar receita não exclusivamente por meio de vendas de hardware, mas também por meio de software. A ideia é semelhante à forma como a Amazon está lançando tablets Kindle a preços mais baixos para motivar clientes a comprarem mais e-books e outros conteúdos digitais.
No caso da Xiaomi, usuários podem comprar temas para seus telefones que podem mudar o visual dos mesmos. Isso pode ser feito ao comprar online créditos Mi da companhia. Não está claro ainda como a Xiaomi vai aumentar ainda mais a receita de vendas de software. Mas lançar mais telefones no mercado certamente aumentará a base de consumidores.
Os produtos da Xiaomi já foram comparados inúmeras vezes a imitações da Apple. No entanto, o modelo de negócios da companhia está pressionando as fabricantes concorrentes. “Muitas pessoas estão tentando replicar o modelo da Xiaomi”, disse Nicole Peng, analista de pesquisa da Canalys.
Fabricantes chinesas, incluindo a Huawei, ZTE e outras também estão fabricando produtos com tecnologia de ponta por preços mais baixos usando canais online para aumentar as vendas.
*Computerworld é marca registrada da IDG (International Data Group), licenciada exclusiva no Brasil pela DigitalNetwork!Brasileiros, divisão de mídia digital da Brasileiros Editora
Deixe um comentário