O sucesso não depende apenas de capital e equipamentos sofisticados. Depende, sobretudo, de boas ideias. Essa é a definição básica de economia criativa, a economia do século 21, que abre espaço para novas formas de fazer e pensar, sustentada por habilidades e talento das pessoas.

Ana Carla Fonseca, dona de um currículo invejável – economista, administradora de empresas, urbanista, consultora especial da ONU, autora de livros e doutora em economia e cidades criativas pela FAU-USP –, explica: “A economia criativa tem em seu centro as indústrias criativas, aquelas que se diferenciam pela criatividade e só existem em função disso”. Simples assim. Mas nem tanto.

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O termo economia criativa foi usado pela primeira vez pelo consultor inglês John Hawkins, em seu livro Economia Criativa: Como as Pessoas Fazem Dinheiro com Ideias, best-seller de 2001, que trata de atividades que resultam em indivíduos que exercitam a imaginação e exploram seu valor econômico. Nas palavras de Ana Carla, trata-se de as empresas e também os países olharem “para si e buscarem as suas potencialidades”.

O País da Copa

Dados do Banco Mundial indicam que a economia criativa já responde por 7% do PIB global. Por essa razão, um passo público foi dado para estimular essa nova economia. Trata-se da Secretaria Nacional de Economia Criativa do Ministério da Cultura, sob o comando da socióloga Cláudia Leitão.

No entanto, Ana Carla acredita que o Brasil, embora tenha entrado na discussão tardiamente, está em momento decisivo para debater a questão. “Estamos nos preparando para receber a Copa do Mundo e precisamos parar de ‘vender’ as cidades onde os jogos vão acontecer e nos questionar o que esse grande evento pode fazer para as cidades, a favor da cidadania das pessoas e o desenvolvimento desses lugares.”

O assunto, aliás, é tema do livro Cidades Criativas, Soluções Inventivas – O Papel da Copa, das olimpíadas e dos Museus Internacionais, que Ana Carla acaba de lançar. Nele, ela seleciona experiências emblemáticas de cidades e países que souberam tirar proveito, no bom sentido da palavra, de grandes eventos: Barcelona, na Espanha, que sediou os Jogos Olímpicos em 1992, e Londres, na Inglaterra, que vai sediar o evento deste ano, e África do Sul, que também realizou uma Copa do Mundo.

Ela também cita como bom exemplo o Museu Guggenheim Bilbao, situado na cidade basca de Bilbau, cujo projeto, parte de um esforço para revitalizar a cidade, deu certo – o museu recebe visitantes de todo o mundo. Ela também faz questão de mencionar os parques e bibliotecas de Bogotá e Medellín, na Colômbia, que conseguiram reverter o quadro de extrema violência desses locais. “Todos esses projetos tiveram o mérito de acontecer a favor das cidades.”

Além do livro, Ana Clara acaba de lançar o projeto Criaticidades – Cidades Criativas do Brasil. “Se já somos conhecidos como o País das pessoas mais criativas do mundo, por que não usarmos essa criatividade a serviço da cidadania e do desenvolvimento sustentável?”

A iniciativa visa estimular o potencial de desenvolvimento de municípios, com base no conceito da economia criativa. Serão 32 oficinas em 16 cidades do interior paulista – São João da Boa Vista, Santos, São José do Rio Preto e Campinas são algumas das cidades contempladas.

Ao que tudo indica, a economia criativa chega como uma boa solução, já que se trata de uma economia que depende do cérebro humano, da informação e do conhecimento. Ideias que geram lucro em uma indústria, por exemplo, são capazes de estimular o crescimento de outras áreas da economia, promovendo o desenvolvimento sustentável e humano.

Portanto, fatores competitivos, como o baixo custo de mão de obra ou avanços específicos na tecnologia da informação, podem ser superados pela inteligência de novos modelos de negócio, novos processos, novas tecnologias e outros decorrentes da criatividade, imaginação e inovação.


Comentários

Uma resposta para “Economia criativa”

  1. Falando em modelos de negócios inteligentes esse livro aqui tem um monte deles: http://modelodenegocios.lojadeconsultoria.com.br/

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