A abertura de dados que promovem a transparência do nosso sistema político são uma grande conquista recente e ferramenta fundamental na construção de uma democracia melhor. Porém, apesar de acessíveis, muitas dessa informações continuam sendo material de difícil visualização, seja pela quantidade ou pelo formato em que são disponibilizadas.
A extensão “Chapéu Eleitoral”, lançada na última sexta-feira para o navegador Chrome, é um exemplo do que pode ser feito a respeito da reorganização de informações públicas, ao destacar nomes de políticos em qualquer matéria online e mostrar os dados das doações empresariais recebidas pelo respectivo nome, a partir da base de dados fornecida pelo TSE.
Veja a extensão funcionando em uma página da Brasileiros, por exemplo:
(Clique na imagem para ampliar)
O trabalho foi desenvolvido por Victor Soares Bursztyn, que aproveitou o período livre das férias até o início do seu mestrado em engenharia de sistemas e computação para concluir a ideia.
“Resolvi tirar do papel projetos pessoais. A extensão foi o segundo projeto. O primeiro é um agregador de sites alternativos sobre política, feio a beça, no ar em www.contrapontos.com”, conta Victor.
O Chapéu Eleitoral nasceu da soma de duas vontades do engenheiro: mexer com dados abertos para o mestrado e ajudar as pessoas interessadas em conseguir uma leitura crítica do noticiário político.
Lançada na última sexta-feira, a extensão já atraiu um bom público. O post no Facebook onde Victor divulgou o trabalho já conta mais de 1,5 mil compartilhamentos, confirmando a expectativa do desenvolvedor:
“É especialmente bom ver mais pessoas sendo atraídas pela transparência. A “reforma” política em tramitação no Congresso, que está vitoriosa, é um retrocesso no sentido da transparência. De nada adianta acesso aos dados públicos, se todas as doações empresariais tiverem que passar pelos partidos, necessariamente. Isso tornaria o processo bem mais opaco. Se fosse efetivada, o Chapéu Eleitoral seria incapaz de apontar claramente os doadores empresariais. No próprio caso do Eduardo Cunha , que conduziu a matéria, só se saberia que ele recebeu R$ 6.8 milhões do PMDB, que é seu partido”, explica Victor, que com o projeto tentar lançar um questionamento mais amplo:
“Minha aposta é que sociedade nenhuma, principalmente a brasileira, hoje, desejaria um retrocesso desses. Acho que, na democracia, temos muito espaço para ocupar com tecnologia – até para viabilizar mais participação -, e, como era o plano, vou usar o mestrado para avançar em algum desses temas. Hoje você tem dado a beça disponível, mas a qualidade é baixa. Tem que gastar muito tempo para organizá-los. Acho que universidades e instituições como a COPPE vão ter papel fundamental pra propor padrões e melhorar essa ponte. Do lado do legislativo, tem que seguir avançando, e não regredindo.”
Veja como instalar a extensão:
Restrita ainda ao Chrome, a instalação da extensão é muito simples. Basta acessar o link e autorizar o uso no Chrome.
Não se assuste com o pedido de autorização, Victor explica: “É a autorização mais básica para viabilizar a extensão. O Google ainda permitiria pedir outras autorizações. No final, a extensão precisa acessar a página até mesmo para buscar os nomes nela. Depois para incluir os dados.”
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