Instrumentos financeiros e de inclusão socioeconômica

O último painel do Seminários Brasileiros, “Inovação: forças do mercado brasileiro”, debateu a classe ascendente e procurou formas para apoiar sua inserção no mercado do consumo. O título da mesa era “Plataformas para o acesso e bom uso dos instrumentos financeiros pelos novos consumidores”.

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O primeiro a ter palavra foi o indiano Kabir Kumar, especialista em microfinanças do Grupo Consultivo de Assistência à Pobreza (CGAP). Dando uma visão mais ampla das questões básicas financeiras, Kumar afirmou que, apesar de vivermos na era da tecnologia e da informação, 2,9 bilhões de pessoas ao redor do mundo não têm acesso a serviços de bancos. Analisando a situação no Brasil, o indiano foi cauteloso. “Todos falam sobre essa nova classe de consumidores que o Brasil está criando, mas é preciso um aprofundamento para conhece-lo melhor”.

Para Ricardo Loureiro, presidente da Serasa Experian e chairman da Experian para a América Latina, a questão é mais instruir do que conhecer. “A taxa de desemprego cai gradativamente, a renda das famílias está crescendo, tudo conspira para a queda da inadimplência, mas isso não está acontecendo e o motivo é a falta de informação”, analisou. O executivo afirmou que nos últimos anos, a quantidade de brasileiros que ascenderam para a classe C equivale a população do Canadá. “Vivemos momento especial”, comemorou ele. Para ele, a saída para a queda do número de inadimplentes é o programa Cadastro Positivo, que pretende individualizar o risco através de uma análise mais profunda do cidadão que pretende requisitar um crédito ou um financiamento.

Fora do eixo Rio-São Paulo, Ademir Cosiello, vice-presidente do Banco Gerador, de Pernambuco, contou um pouco da história do banco onde trabalha, que investiu seus esforços na simplicidade, mais acolhimento e menos burocracia, horários alternativos e assim atraiu uma clientela muito grande das classes C e até da D, gente que antes não acreditava em microcrédito.

Também no campo dos bancos de crédito e de microcrédito, Luiz Augusto de Souza Ferreira, presidente do conselho de administração do banco São Paulo Confia. “Ano passado emprestamos R$ 60 milhões, não é um número muito significativo, mas se analisarmos que em 2008 esse número foi de R$ 4 milhões, o aumento foi claro”, comemorou. O empresário contou que grande parte do aumento se deve ao fato de, anteriormente, o banco emprestar crédito apenas para pessoa física, hoje o dinheiro pode ser requerido por empresas também. “O microcrédito da possibilidade para pessoas que dificilmente teriam de outra forma, é uma ferramenta capaz de alavancar economicamente e socialmente”.

Fechando o seminário, Michele D’Ambrosio, líder do grupo corporativo de inovação da TecBan contou um pouco de seu trabalho a frente da empresa. A TecBan é responsável pelos caixas 24 horas, uma inovação no meio de instrumentos financeiros. “É uma grande inovação sim, nós aqui de São Paulo não paramos para pensar, mas imagina um vilarejo pequeno e afastado, antes dos caixas 24 horas, os moradores dessas cidades eram obrigados a se deslocar para centros maiores apenas para executar transações simples”, apontou. Apesar da comidade que o serviço proporciona para seus usuários, também tem questões ruins, no caso, a segurança. “Estamos sempre tendo que nos atualizar nesse ponto, a última melhoria foi diminuir e boca de onde saia o dinheiro para dificultar a inserção de explosivos”, contou D’Ambrosio. Caso o ladrão consiga abrir a maquina de alguma forma, D’Ambrosio lembrou da tinta que o equipamento expele marcando as cédulas. Como hoje já possível até a remoção dessa tinta por parte dos infratores, as máquinas estão quimando os números de série da nota quando acontece o arrombamento.


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