Libéria declara estado de emergência por vírus ebola

Voluntários da Cruz Vermelha em Guiné. Foto: afreecom/Idrissa Soumaré
Voluntários da Cruz Vermelha em Guiné. Foto: afreecom/Idrissa Soumaré

A presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, declarou, em um comunicado oficial nos canais de televisão do país nesta quarta-feira (7), estado de emergência por 90 dias por causa do vírus ebola, que matou 932 pessoas e infectou cerca de 1.700 em quatro países africanos, segundo a OMS. Nesta quarta, a Arábia Saudita entrou para a lista de locais suspeitos de presença da doença.

Na declaração, Sirleaf disse que alguns direitos civis podem ser suspensos por causa do surto da doença e afirmou que “a ignorância e a pobreza, assim como algumas práticas religiosas e culturais continuam arraigados na população liberiana, o que continua a agravar a propagação da doença”. No país, já morreram 282 pessoas em decorrência do vírus. Ela ainda disse que a “virulência e letalidade do vírus já ultrapassaram a capacidade e a responsabilidade legal de qualquer agência de um governo ou ministério” e que o ebola é um “perigo claro e presente”.

Na África chamada ocidental, no litoral do Atlântico africano, quatro países sofrem com o surto do ebola: Libéria, Nigéria, Guiné e Serra Leoa. Nesta quarta, o Ministério da Saúde da Arábia Saudita confirmou a morte de um homem que havia chegado de um viagem de negócios em Serra Leoa em um hospital de Jeddah. Com isso, são cinco países com casos confirmados da doença.

Infectados na Europa e nos EUA

Dois estadunidenses estão sendo tratados de ebola no Hospital Emory University, em Atlanta, nos Estados Unidos: o médico Kent Brantly e Nancy Writebol, que fazia missões humanitárias na Libéria. Na terça-feira (6), o Hospital Mount Sinai, em Nova York, recebeu um caso suspeito de um homem que havia chegado da África Ocidental com febre e dores intestinais. No entanto, a amostra enviada ao Centro de Controle e Prevenção de Doenças, em Atlanta, negou que o paciente estivesse infectado com o ebola.

Segundo a rede estadunidense CNN, os dois estão sendo tratados com uma droga experimental chamada de ZMapp, que ainda não havia sido usada em humanos e não tem eficácia reconhecida pela medicina internacional. Ainda de acordo com o hospital onde estão os pacientes estão internados, não é provável que a substância esteja disponível para doentes da África Ocidental, pois “é uma droga de oferta muito limitada, que não pode ser comprada e não está disponível para uso geral”. O presidente dos EUA, Barack Obama, disse na quarta-feira que “é preciso deixar a ciência guiar os procedimentos sobre o ebola”, em um encontro com líderes africanos em Washington.

Nesta quarta-feira também chegou a Madrid o primeiro europeu infectado com o virus: o padre espanhol Miguel Pajares, que trabalhava na Ordem Hospitalar San Juan na Libéria. Ele foi levado para a capital espanhola em um Airbus A310 adaptado para pessoas infectadas com vírus letais.

Ameaça mundial

A Organização Mundial de Saúde começou uma série de reuniões nesta quarta-feira (6) para discutir a gravidade da proliferação do vírus ebola. Segundo agências de notícias internacionais, a entidade pode declarar “ameaça sanitária internacional” até sexta-feira, o que implicaria restrições de viagens e verificações em aeroportos. Ainda segundo as agências, os governos locais tentarão impedir a decisão para não restringir as relações econômicas entre os países. Companhias aéreas europeis, como a British Airways, do Reino Unido, já cancelaram voos para Freetown, em Serra Leoa, e Monróvia, na Libéria, durante o mês de agosto.

Na terça-feira, em entrevista à Brasileiros, o supervisor médico do pronto-socorro do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, afirmou que há probabilidade de expansão do vírus para outras partes do mundo, ainda que seja pequena. Ele também disse que o Brasil – assim como os EUA e a Espanha, que já tiveram casos – está preparado para receber possíveis doentes brasileiros que estão na África.



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