OMS declara vírus ebola emergência de saúde mundial

Foto: Tommy Trenchard/ IRIN
Foto: Tommy Trenchard/ IRIN

A Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou nesta sexta-feira (8) que a epidemia do vírus ebola, registrada em pelo menos quatro países da África Ocidental, é emergência de saúde pública de alcance mundial.

“A OMS aceitou as conclusões” da Comissão de Emergência Sanitária, que esteve reunida na quarta-feira (6) e quinta-feira (7) desta semana em Genebra, informou a diretora-geral da organização, Margaret Chan. Segundo ela, a comissão foi unânime em considerar que se verificam as condições de uma emergência de saúde pública de alcance mundial. Diante de uma situação que continua a agravar-se, é necessária uma resposta internacional coordenada para “travar e fazer recuar a propagação internacional do ebola”, acrescentou.

A epidemia de ebola, que já causou a morte de cerca de mil pessoas desde o início do ano, com mais de 1.700 casos suspeitos, é a mais mais grave das últimas quatro décadas, destacou Chan. Ela ainda disse que os países da África Ocidental mais atingidos – Libéria, Serra Leoa, Guiné e Nigéria – não têm meios para responder sozinhos à doença e pediu à comunidade internacional que forneça o apoio necessário.

A comissão alertou que os Estados devem estar preparados para detectar e tratar casos de ebola, além de facilitar a retirada de cidadãos, em particular pessoal médico, que estiveram expostos ao vírus da febre hemorrágica. A comissão lembrou que os chefes de Estado dos países afetados devem “decretar estado de emergência” e “dirigir-se pessoalmente à nação para fornecer informações sobre a situação”.

O responsável da OMS para a epidemia, Keiji Fukuda, adjunto de Margaret Chan, disse que a quarentena de pessoas suspeitas de infecção deve ser 30 dias, já que o tempo de incubação é 21 dias. As pessoas que estiveram em contato com os doentes, à exceção do pessoal médico equipado com roupa protetora, não devem ser autorizadas a viajar.

Keiji Fukuda lembrou ainda que as tripulações de voos comerciais, que se desloquem a países afetados, devem receber formação específica e material médico para proteção pessoal e dos passageiros. “Impedir as companhias aéreas de viajar para esses países iria afetar a sua economia”, observou Chan.

A comissão recomendou também que todas as pessoas que saiam de países afetados sejam examinadas nos aeroportos, portos e principais postos fronteiriços, mediante um questionário e medição da temperatura, devendo ser impedidos de viajar quaisquer casos suspeitos.

O vírus já causou pelo menos 932 mortos e infectou mais de 1.700 pessoas desde que surgiu, no início do ano, na Guiné, de acordo com a OMS. A Libéria, a Guiné e Serra Leoa decretaram estado de emergência. O vírus do ebola é transmitido por contato direto com o sangue, líquidos ou tecidos de pessoas ou animais infectados. A febre manifesta-se por meio de hemorragias, vômitos e diarreias. A taxa de mortalidade varia entre 25% e 90% e não é conhecida uma vacina contra a doença.

Infectados na Europa e nos EUA

Dois estadunidenses estão sendo tratados de ebola no Hospital Emory University, em Atlanta, nos Estados Unidos: o médico Kent Brantly e Nancy Writebol, que fazia missões humanitárias na Libéria. Na terça-feira (6), o Hospital Mount Sinai, em Nova York, recebeu um caso suspeito de um homem que havia chegado da África Ocidental com febre e dores intestinais. No entanto, a amostra enviada ao Centro de Controle e Prevenção de Doenças, em Atlanta, negou que o paciente estivesse infectado com o ebola.

Segundo a rede estadunidense CNN, os dois estão sendo tratados com uma droga experimental chamada de ZMapp, que ainda não havia sido usada em humanos e não tem eficácia reconhecida pela medicina internacional. Ainda de acordo com o hospital onde estão os pacientes estão internados, não é provável que a substância esteja disponível para doentes da África Ocidental, pois “é uma droga de oferta muito limitada, que não pode ser comprada e não está disponível para uso geral”. O presidente dos EUA, Barack Obama, disse na quarta-feira que “é preciso deixar a ciência guiar os procedimentos sobre o ebola”, em um encontro com líderes africanos em Washington.

Nesta quarta-feira (6) também chegou a Madrid o primeiro europeu infectado com o virus: o padre espanhol Miguel Pajares, que trabalhava na Ordem Hospitalar San Juan na Libéria. Ele foi levado para a capital espanhola em um Airbus A310 adaptado para pessoas infectadas com vírus letais.

Com Agência Brasil


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