Atualmente, a maioria das pesquisas ao redor da bioimpressão 3D de órgãos e tecidos gira ao redor da impressão de células fora do corpo humano, para que elas se desenvolvam e depois possam ser implantadas quando necessário. Entretanto, uma companhia acredita que há em um método melhor para isso. A ideia é imprimir células dentro do corpo humano para levar vantagens das habilidades naturais do próprio organismo para promover a reprodução das células. O método foi chamado de in-vivo.
Durante a Conferência RAPID 3D Printing que acontece esta semana, William Warren, vice-presidente da Sanofi Pasteur’s Vax Design, explicou que a bioimpressão in-vivo trata-se também de um procedimento menos invasivo.
Sanofi Pasteur, divisão farmacêutica da Sanofi, é a maior companhia dedicada ao desenvolvimento de vacinas. Recentemente, desenvolveu um método de bioimpressão que pode imprimir uma variedade de tecidos de diferentes espessuras para construir células vivas que podem crescer ao redor de outros tecidos.
A tecnologia permitiu que a Sanofi Pasteur imprimisse desde colágeno à proteínas que conectam tecidos ao fibrinogênio – agente de coagulação do corpo. Warren acredita que antes da in-vivo reproduzir órgãos, a bioimpressão 3D terá sucesso primeiro em fazer impressões “mais fáceis”, como a reprodução de tecidos para o ouvido, para a pele ou ainda endoesqueletos como vértebras. Warren, acredita que a ciência será capaz de imprimir órgãos dentro dos próximos cinco a sete anos.
“Eu acredito que faremos primeiro o in vitro, e isso já está sendo feito de forma bem sucedida agora”, disse Warren. “Mas eu acredito que a longo prazo teremos o método in-vivo”.
Desafios da bioimpressão
Enquanto isso, a bioimpressão está sendo usada principalmente para teste de drogas, uma forma de medicina personalizada onde o tecido do paciente pode ser cultivado e depois usado para testar a eficiência ou ainda o nível de toxicidade de uma droga.
Organizações incluindo a Universidade de Toronto já tiveram sucesso na bioimpressão de pele. E companhias como a Organovo já imprimiram tecidos do fígado, que tem sido usado para teste de medicamentos. O método da Sanofi Pasteur, que se parece com uma caneta robótica, permitiu o depósito de várias camadas de tecidos de uma forma que não prejudicasse o órgão já existente.
Até então, a companhia conseguiu imprimir vários tecidos em órgãos de animais já mortos, a uma altura de cerca de um milímetro. Entretanto, existem obstáculos significativos para a criação de tecidos de um órgão funcional, o maior deles é ser capaz de produzir uma infraestrutura vascular forte o suficiente para alimentar o tecido com nutrientes e oxigênio. A questão vascular, por exemplo, é uma das mais delicadas.
Segundo Warren, a tecnologia que permita uma impressão de tecido vascular com o apoio suficiente para substituir órgãos no método in-vivo está a 15 anos de distância. Por enquanto, a Sanofi Pasteur tem, segundo ele, criado com sucesso um protótipo de sistema vascular.
A empresa reproduziu um linfonodo utilizando substratos artificiais. Os linfonodos são uma parte importante do sistema imunológico, eles filtram partículas estranhas e até mesmo células cancerosas.
Ser capaz de reproduzir um linfonodo artificialmente significa que a empresa conquistou a habilidade para mapear o sistema. Em uma próxima fase, é preciso aplicar células vivas, explicou Warren. Sistemas feitos com bioimpressão deverão focar na combinação de vários processos em uma jeito semelhante a como os sistemas de computação combinam uma tecnologia em apenas uma delas,
“Eu acredito que com a bioimpressão, nos próximos 20 anos, nós teremos todas essas tecnologias dispostas em uma ferramenta simples de bioimpressão”, disse Warren. “É realmente sobre a reunião de várias coisas e integrá-los todas em uma só”, conclui.
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