Solução sobre quatro rodas

com desempenho de superesportivo, o tesla Model s foi o primeiro veículo elétrico eleito “carro do ano” pela revista americana Motor Trend

Foi um acontecimento histórico para o automobilismo. Pela primeira vez desde sua criação, em 1949, a revista norte-americana Motor Trend elegeu um veículo elétrico como o “Carro do Ano”, considerado um dos mais importantes prêmios do segmento em todo o mundo. O responsável pela façanha de 2012 foi o Tesla Model S, luxuoso sedã da empresa fundada por cinco milionários do Vale do Silício, que tem entre seus entusiastas o ator hollydiano Leonardo DiCaprio – dono de um Tesla Roadster, também elétrico e criado pela montadora estadunidense, que recebeu esse nome em homenagem a Nikola Tesla, criador do sistema elétrico de corrente alternada (AC).

Apesar da surpresa de alguns admiradores com a vitória da empresa, a Tesla mostra que carros movidos a energias alternativas são uma realidade necessária. Recarregáveis em tomadas comuns, os veículos elétricos se tornaram vedetes da sustentabilidade por seu baixo custo de manutenção e eficiência em não serem nocivos ao meio ambiente – tudo isso, de acordo com a montadora, sem perder a potência do motor de 416 cv e 61,2 kgf.m de torque, que permite ao carro chegar a 100 km/h em apenas quatro segundos.

Mesmo sendo um sucesso no exterior, o carro exclusivamente elétrico ainda deve levar alguns anos para chegar ao Brasil. Criadora do Leaf, o primeiro elétrico produzido em larga escala no mundo, a Nissan realizou uma parceria com a Prefeitura de São Paulo e, recentemente, colocou dois táxis do modelo para circular pela cidade. Fãs de automobilismo também puderam conhecer o Leaf no Salão do Automóvel deste ano, mas ainda não há uma previsão para que ele seja comercializado no País.

O avanço dos híbridos

Outra espécie de automóvel que tem ganhado espaço no mercado mundial são os chamados híbridos. Equipados com um motor a gasolina e outro elétrico, esse sistema auxilia na redução do esforço da combustão do motor e permite que menos combustível seja gasto, além de emitir 80% menos poluentes na atmosfera. No Brasil, o carro híbrido já é uma realidade em modelos como o Prius, da Toyota, que deve começar a ser vendido em janeiro de 2013; o Ford Fusion Hybrid, comercializado desde novembro de 2010; o Mercedes-Benz S400, lançado no País em abril de 2010; e o BMW ActiveHybrid 7, lançado em 2011.

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A despeito de suas qualidades e de sua eficácia sustentável, os carros híbridos ainda têm preços consideravelmente elevados para o mercado nacional. Enquanto os veículos de luxo da Mercedes e da BMW têm valores em torno de R$ 400 mil e R$ 500 mil, os modelos da Toyota e da Ford ficam na faixa dos R$ 100 mil ao R$ 140 mil. Pensando nos consumidores da crescente classe média, as montadoras que atuam em solo nacional buscam alternativas viáveis para aperfeiçoar seus modelos e melhorar sua atuação ambiental com preços mais acessíveis para esse segmento da população.

Um dos exemplos é o pacote BlueMotion Technology, criado pela alemã Volkswagen. Em abril deste ano, a montadora lançou o Fox BlueMotion, terceiro carro da série equipada com serviços que prometem reduzir os danos ambientais e oferecer alternativas ecologicamente corretas ao consumidor. Utilizando o motor EA111, com nova calibração e mudanças na transmissão, o veículo promete reduzir em até 8% o consumo de combustível. O carro também vem equipado com um indicador de marcha ideal a ser utilizada, além de indicador digital de consumo instantâneo do combustível e os chamados “pneus verdes”, com menor resistência à rolagem. O Voyage e o Gol também ganharam versões no pacote BlueMotion, com inovações que já haviam sido utilizadas no Polo BlueMotion, lançado em abril em 2009, e no Gol G4 Ecomotion, de abril de 2010.

Outra montadora que aposta nesse tipo de iniciativa é a italiana Fiat, que no ano passado lançou no Brasil a nova versão Economy do Uno. Equipado com o motor 1.4l Fire Evo, o carro teve sua aerodinâmica, pressão dos pneus, relações de marchas e gerenciamento do motor revistos e pode chegar a até 15% de economia e redução de emissão de gás carbônico. Além do novo Uno, a empresa trouxe ao País a tecnologia MultAir, presente nos modelos Fiat 500, Lounge, Cabrio e Gucci. Responsável pelo controle inteligente de entrada de ar, o sistema reduz as perdas de bombeamento do motor, aumentando a potência em até 10% e o torque em até 15%. Com isso, a montadora afirma que o novo motor emite até 10% menos CO2 , 40% menos monóxido de carbono e até 60% menos óxidos de nitrogênio.

Realidade distante

Apesar do avanço em alguns segmentos, é consenso entre os entusiastas da área que o Brasil ainda está longe de encontrar a solução ideal para a questão da sustentabilidade automotiva. Presidente da NES Eventos, empresa responsável pela realização do Salão Latino-Americano de Veículos Elétricos (que neste ano chegou a sua 9a edição), Ricardo Guggisberg acredita que o etanol não pode ser considerado a única alternativa para a solução do problema. Segundo ele, o combustível cairá em uma “lacuna estreita de produção” que inviabilizará parte de sua produção. “Você precisa de muita área para produzir muito etanol para sustentar um País inteiro. Ele também é um gerador de energia, mas a solução elétrica é a mais viável no momento.”

Segundo estimativas da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), em 2020, a cada 34 carros convencionais no Brasil, três serão elétricos. Em 2025, o número subirá para dez e, em 2050, 19. “Não dá para fazer previsão. Temos apenas hipóteses”, explica Pietro Erber, presidente da ABVE. Para ele, além da questão de produção e venda dos veículos, é necessário pensar em estruturas que permitam que os carros elétricos sejam consolidados no País. “Você precisaria ter uma rede de abastecimento, tomadas nas garagens, em shopping centers, locais onde, em uma emergência, o proprietário possa carregar seu carro até chegar a seu destino final.”

Erber também explica que, para a iniciativa funcionar, é preciso que as empresas tenham incentivos para realizar os investimentos necessários na implementação do projeto. “Para a empresa, é muito complicado. Ela precisa criar um almoxarifado, treinamento do pessoal, são processos caros. E não em uma agência só, precisa fazer isso praticamente no País todo. Ela só vai fazer isso quando tiver uma venda respeitável.”


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