Soro usado em tratamento de ebola suscita debates

Foto: Tommy Trenchard/ IRIN
Foto: Tommy Trenchard/ IRIN

A Organização Mundial da Saúde (OMS) faz nesta segunda-feira (11) uma reunião para discutir a ética do uso de medicamentos experimentais, no momento em que o mundo luta para conter a rápida propagação do vírus ebola.

Não existe atualmente qualquer tratamento ou vacina contra o ebola até o momento. Os médicos estadunidenses utilizaram um soro usado apenas em macacos em dois infectados (Nancy Writebol e Kent Brantly) que estão sendo tratados em Atlanta. Segundo informações, os dois apresentaram melhoras. No entanto, a utilização de medicamentos experimentais suscita intenso debate ético. Por isso, especialistas de todo o mundo encontram-se nesta segunda-feira para a elaboração de diretrizes sobre o uso de medicamentos não autorizados em situações de emergência, como é o caso do surto de ebola.

O remédio, da empresa norte-americana Mapp Pharmaceuticals, está em fase inicial de desenvolvimento e só foi testado em macacos, além de ser escasso. “É ético utilizar medicamentos não autorizados para tratar as pessoas? Em caso afirmativo, que critérios devem cumprir e em que condições, bem como quem deve ser tratado” são as questões a responder, disse Marie-Paule Kieny, assistente do diretor-geral da OMS, anfitrião do encontro desta segunda-feira.

De acordo com os últimos dados da OMS, desde fevereiro, o vírus infectou mais de 1.700 pessoas, sendo que mais de 900 morreram em Serra Leoa, na Guiné-Conacri, Libéria e Nigéria.

Suspensão de voos

A Costa do Marfim anunciou nesta segunda (11) a suspensão dos voos de sua companhia aérea para países afetados pela epidemia de ebola e proibiu todas as empresas de transportar passageiros desses países para Abidjan. Segundo a nota divulgada pelo governo local, as autoridades costa-marfinenses também proibiram as outras companhias de transportar ao país passageiros de áreas atingidas pela doença.

A Costa do Marfim, vizinha da Libéria e da Guiné, onde a epidemia já fez centenas de mortos, apresenta nível de alerta muito elevado, de acordo com as autoridades sanitárias.

O país adotou várias medidas sanitárias suplementares, insistindo especialmente na vigilância comunitária, desde que a epidemia de febre hemorrágica registrou recrudescimento na área da África Ocidental. Além da Guiné e da Libéria, Serra Leoa e a Nigéria também foram atingidas. O governo da Costa do Marfim decidiu ainda reforçar a vigilância no aeroporto de Abidjan, onde “todos os passageiros, à chegada, serão submetidos a uma medição da temperatura”. Um dispositivo para a lavagem de mãos será montado no local.

Em meados de junho, Abidjan lamentou “a diminuição da vigilância” sobre a doença. Nenhum caso foi notificado no país que, no fim de março, tomou várias medidas para evitar qualquer contaminação. Diante do agravamento da situação, as medidas de precaução multiplicaram-se na África e no mundo, principalmente para evitar a propagação do vírus em viagens aéreas. As companhias pan-africanas Arik e Asky já tinham suspendido os voos de e para a Libéria e Serra Leoa, após a morte de um passageiro liberiano, no fim de julho, em Lagos, na Nigéria.

A companhia Emirates, com sede em Dubai, também anunciou a suspensão “até nova ordem” de todos os voos para a Guiné, assim como já havia feito a British Airways na semana passada.

Alemão infectado

O governo da Ruanda anunciou no domingo (10) que colocou em isolamento um estudante alemão, hospitalizado em Kigali, que apresenta sintomas de ebola. “Hoje [domingo], ao fim do dia, um doente do Hospital King Faisal, que apresenta sintomas de ebola, foi colocado em isolamento e aguarda os resultados das análises”, que vão determinar se ele contraiu a febre hemorrágica, diz comunicado do governo ruandês. Os resultados devem ser conhecidos no prazo de 48 horas.

Na rede social Twitter, a ministra da Saúde, Agnes Binagwaho, informou que o paciente, um estudante alemão que apresentou sinais de febre e paludismo, “passou vários dias na Libéria, antes de viajar para Ruanda. Este é o primeiro caso suspeito de ebola no país desde o início da epidemia, na África Ocidental no início do ano.

Com agências de notícias


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