O elevador chega ao 16o andar e uma gran­de porta pra­tea­da, no melhor es­tilo cai­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­xa-forte de banco, separa as realidades de um prédio de negócios, moderno e comum, de uma agência de publicidade pouco convencional. Quer dizer, o pessoal da CUBOCC (assim mesmo, em caixa alta) não gosta nem de se considerar uma “agência”. Eles acreditam que, apesar de trabalharem com publicidade, em todo o resto são diferentes de seus pares. Principalmente em como pensam e fazem o negócio girar.

“Trabalhar aqui é uma experiência diferente e isso acaba gerando novas propostas de negócios”, diz Gustavo Bonfiglioli, que recebe a reportagem de Inovação!Brasileiros, em um ambiente logo após a recepção, que tem um painel eletrônico em permanente frenesi de pixels. Ele, que é brodcaster da empresa (ou uma das pessoas que cuidam da comunicação), será nosso guia dessa experiência e o dia, fim de tarde, aliás, promete. É uma sexta-feira, o esperado momento de confraternização dentro da empresa. Mas ainda não é hora.

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Fundada em 2004, a CUBOCC surgiu da mente agitada do gaúcho Roberto Martini. Nascido em Pelotas – “A terceira cidade a ter internet no País, sabia?” –, Martini foi atendente de suporte, estudou Análise de Sistemas e Publicidade, mas se formou mesmo em Administração. Sempre correu atrás de criar seus negócios, tanto em Pelotas quanto em Porto Alegre e, finalmente, em São Paulo, onde pôs em pé a empresa que mudaria sua vida e a de muitos que passaram e estão lá. O objetivo era ser uma produtora especializada em mídias digitais, mas o futuro (digital) lhes reservaria algumas surpresas.

“A idade média aqui é de 24 anos… e as pessoas podem vir trabalhar de chinelo, se quiserem. Não concordamos com essas questões corporativas. Ou seja, não é preciso vestir um terno para ser sério”, diz Bonfiglioli, enquanto percorremos os 1.400 m2 do endereço que a agência ocupa, desde outubro do ano passado, na Avenida das Nações Unidas. Projetada pelo escritório Athié em parceria com o estúdio 1-18 Project, a decoração branca e minimalista que rodeia os 140 funcionários da empresa é aberta nas áreas de trabalho e tudo é visível para todos, em longas mesas conjuntas.

Já os corredores internos, que levam a uma copa e aos banheiros, e as salas de reunião possuem um estilo mais rebuscado e pop: enquanto nos corredores luzes nas paredes acendem conforme as pessoas passam, as salas se diferenciam umas das outras em alternância de cadeiras de acrílico, candelabros, sofás e cortinas pretas. Mas o xodó da agência é a sala de reunião toda espelhada, do teto ao chão, que ainda traz uma mesa de vidro e cadeiras de acrílico. É nesse cômodo que processos são desenvolvidos e campanhas são finalizadas, tudo devidamente escrito nas paredes-espelho.

“Geralmente, as agências e os clientes pensam em termos quantitativos. A gente pensa de outra forma, usando outras variáveis, como transformação social, engajamento e inovação. São os valores agregados de uma campanha que mais nos interessam”, diz Bonfiglioli, ao fim do tour. E cá estamos de volta onde tudo começou: na recepção.

Faltam pouco mais de 20 minutos para o começo do happy hour e informações não param de surgir. O faturamento da empresa ultrapassou os R$ 100 milhões em 2011, o que gerou um crescimento de 15% no ano. A atual cartela de clientes conta com a Unilever (11 marcas), Google (quatro), Kraft Foods (três) e, recentemente, a Liberty Seguros, uma baita responsabilidade, pois a seguradora é uma das patrocinadoras da Copa do Mundo de 2014.

A pergunta é: o que, afinal, a CUBOCC tem que as outras não têm? Eles canalizaram a energia de profissionais de diferentes áreas (mídia, criação e planejamento) para o digital, pois pretendem ajudar, segundo suas próprias palavras, “a dar forma ao futuro da propaganda por meio da combinação de diferentes disciplinas”. Produzem assim jogos on line, comunidades virtuais, virais na internet, ações no mundo real, enfim, novos jeitos interconectados de fazer publicidade para um consumidor mais jovem, que deseja participar e ser ouvido. Essas criações são sempre coletivas, mesmo quando lideradas por um “conceptor”, nome que dão a quem coordena essa criação-brincadeira, essa “busca pela grande ideia”.

Enquanto isso, atrás da recepção, em uma espécie de grande sala de espera dividida em três partes, uma delas com mesa de pebolim e fliperama, algumas pessoas começam a chegar para o happy hour. “Esse chope de sexta é muito bom por que conseguimos conversar com gente de outras áreas”, diz Juliano Shimizu (criação), sobre uma das mais arraigadas tradições da agência. “Agora, mais que o ambiente físico legal, o que motiva a trabalhar aqui é um sentimento de fazer junto. Aqui, somos incentivados a dividir tudo com todo mundo”, diz Cristina Aguiar (atendimento).

A máquina de chope já está pronta e não muito distante um baú é aberto e se revela, mais uma vez, lotado de salgadinhos (industrializados) de todos os tipos. “Somos estimulados a ser o que somos, expressar nossa opinião, a discordar das coisas, questionar, independentemente de crença, do jeito de se vestir”, afirma Juliana Fernandes (mídia). E assim voltamos ao assunto informalidade. “Eu trabalhava de terno em consultoria e aqui fui me transformando ao longo de um ano. O ambiente fica mais leve, faz uma diferença. Até a pressão é mais light que em outros lugares. E acho que comunicação tem que ser assim, leve”, explica Rodrigo Abdalla (atendimento).

O fundador e CEO da CUBOCC, Roberto Martini, também virá para o happy hour, quase sempre comparece ao sagrado chopinho, mas antes, por e-mail, disse: “Misturar a vida profissional com a pessoal é um privilégio para poucos e creio que estamos conseguindo fazer isso de forma bastante inspiradora. A ideia de trabalhar com o novo e com pessoas que podem constantemente te surpreender com novos conhecimentos me fascina e é isso que entregamos para os nossos colaboradores”. Tudo pronto. Já estamos, oficialmente, fora do horário comercial.

As luzes do ambiente são diminuídas, um telão desce e é hora do follow friday, o começo do happy hour, no qual dois funcionários sorteados aleatoriamente se apresentam para os colegas. Dizem também o que curtiram e o não curtiram fazer na CUBOCC, falam sobre a família, viagens, o que lhes der na telha, desde que, em sete minutos e com o auxílio de um power point. Denise e Sarah foram as escolhidas da vez. A primeira revela que foi patinadora profissional, gosta de sapateado e mostra uma foto de quando foi pedida em casamento aos pés da Torre Eiffel. Já Sarah, nascida em Volta Redonda (Rio de Janeiro) e há dois anos em São Paulo, diverte a todos com suas tiradas nerds do tipo: “Adoro Miojo. Por mim, comeria sempre. Mas, como sei que mata, alterno com McDonald’s”. Palmas e gargalhadas. Bonfiglioli, nosso guia, coloca um som e canecas de chope são novamente enchidas.

Então, discreto e timidamente, chega Roberto Martini. “Podemos negociar só uma opção de foto? Sou muito ruim nisso, não consigo olhar pra câmera”, diz. Careca, tatuado e de camiseta preta, em nada lembra um pomposo CEO e muito menos um sujeito que, no final de 2010, vendeu 70% das ações da CUBOCC ao Grupo Interpublic, uma das principais holdings de agência de publicidade do mundo. Os termos e valores da negociação nunca foram divulgados, mas Martini fez questão que sua agência se mantivesse com a mesma essência de sempre, mesmo com a chegada do experiente e igualmente jovem Rodrigo Toledo como diretor-geral. “Já desenvolvíamos projetos para mercados globais, mas com a chegada da Interpublic essa oportunidade se intensificou. Temos agora um plano mais agressivo de expansão e tudo isso dentro de uma cultura que estimula a inovação, o risco, bastante criativa e focada em empreender novas ideias.”

Martini não sabe direito qual o futuro da publicidade nesses tempos de virais e compartilhamentos, mas tem certeza de duas coisas: que tudo vai continuar mudando e que a CUBOCC pensa nisso o tempo todo. “O sucesso será daqueles que anteciparem ou mais rápido se adaptarem a essas mudanças. Portanto, estruturas flexíveis e modelos de negócio em alteração constante agora fazem parte do dia a dia do negócio”, profetiza. O happy hour está apenas começando.


Comentários

Uma resposta para “Trabalho = prazer”

  1. Avatar de Adilson Rique
    Adilson Rique

    Eu tive o prazer de conhecer a agência…pois realizei uma entrevista de trabalho…o local é magico…o ambiente..fora de sério..nada lembra as empresas, frias e sombrias…achei…muito legal..espero..ter a oportunidade de ser um colaborar desta empresa….

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