Universidade de Stanford tenta reproduzir cultura do Vale do Silício em SP

Jonathan Levav, professor associado de Marketing na Stanford Graduate School of Business. Foto: Divulgação
Jonathan Levav, professor associado de Marketing na Stanford Graduate School of Business. Foto: Divulgação

Para Jonathan Levav, professor associado de Marketing na Stanford Graduate School of Business, a relação da renomada universidade com o DNA inovador do Vale do Silício se assemelha a um dos mistérios da humanidade: “quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?”. Levav explica: “A escola de negócios [de Stanford] tanto se beneficia quanto alimenta o ecossistema ao redor. Nós nos beneficiamos do fato de que Google, Facebook, Apple, Oracle e Cisco estão ao nosso redor, mas eles também se beneficiam da nossa presença. É quase como um problema do ovo e a galinha. O que é mais importante, nossa presença lá ou a presença deles?”, diz em entrevista exclusiva ao IDG Now!.

Levav, graduado pela Princeton University e Columbia Business School, é atualmente diretor acadêmico do Stanford Ignite na América Latina. Trata-se de um curso livre em inovação e empreendedorismo lançado inicialmente em 2006 e que hoje conta com presença na Índia, China, Estados Unidos, Reino Unido e Chile.

No Brasil, o programa foi lançado em 2015 e agora a universidade americana se prepara para reunir uma nova turma. No total, o curso é distribuído em sete finais de semana não consecutivos, com aulas semi-presenciais com professores da Stanford. Aulas no modelo live session também complementam a grade.

Segundo Levav, o Stanford Ignite é uma forma de reproduzir globalmente os genes da universidade, que domina rankings de inovação mundo afora. “Stanford é como um hub de inovação e criação de novas ideias e empresas. Com o tempo, a universidade aprendeu a como fomentar esse tipo de atividade e administrar isso, como tornar ideias em companhias reais”, defende.

“E o que fazemos com o Ignite Program é que tentamos pegar alguns desses elementos que se encontram nesse ambiente e os levamos para outras geografias. O que um estudante pode esperar ao fazer o programa é o de ir com uma ideia, planejá-la para que de fato se torne uma companhia. E você precisará executá-la. Nós te levamos do básico às coisas importantes”, completa.

O programa é dirigido a estudantes de pós-graduação e profissionais com experiência técnica. No entanto, vale ressaltar que o curso não é voltado necessariamente a profissionais de marketing e negócios. Um exemplo que Levav dá em relação aos estudantes elegíveis é o de um biólogo que possui uma ideia ou solução em biotecnologia, da mesma forma profissionais em grandes corporações. A premissa do curso, diz o diretor, é buscar ideias inovadoras que possam gerar impacto local. 

“Uma das coisas que tentamos dar nesse programa é ferramentas que você precisa para ganhar coragem para se desafiar. E como você tem isso? Ao ver exemplos de pessoas que ousaram e tiveram sucesso e aquelas também que não tiveram sucesso ainda, mas estão felizes com isso. E  acho que isso é parte do que nós trazemos”.

Um dos prédios do campus da Stanford Graduate School of Business. Foto: Divulgação
Um dos prédios do campus da Stanford Graduate School of Business. Foto: Divulgação

Máfia Stanford
Levav brinca com a história de que a universidade da Califórnia conta com uma espécie de “máfia”. Mas diferente de uma trilogia de Francis Ford Coppola, em Stanford os poderosos chefões são uma rede de ex-alunos cuja vocação é ajudar outros a se posicionarem no mercado. A ideia de fomentar negócios parece um pouco mais otimista nos corredores da universidade quando se tem nomes de peso apresentando outros similares. Para o diretor, o comportamento colaborativo seria inerente a própria universidade.

“Pegue por exemplo a Harvard Business School, você tem cerca de mil pessoas por classe. Na Stanford, você tem umas 400 por classe. É como uma grande escola, você talvez não conheça intimamente todos, mas sabe o nome deles. Então soa diferente e, como resultado você acaba construindo relações mais próximas. Esse é um dos aspectos. O outro é que estudantes veem colegas do terceiro ano ajudando os do segundo e por aí vai. Então você acaba entrando em uma espécie de sistema de apoio e uma caracterização engraçada disso é a máfia. Mas uma máfia só dá certo se for bem sucedida e esse modelo tem funcionado bem. Caso contrário, você é apenas um criminoso”, brinca Levav.

O investimento para realização do Stanford Ignite é de US$ 10 mil, com possibilidade de se inscrever para uma das bolsas de 50% oferecidas pela instituição. As inscrições estão abertas pelo site e vão até o dia 21 de abril. 

 


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