Social Good Brasil discute tecnologia e inovação social

Social Good Brasil discute o papel da tecnologia em projetos de inovação social. Foto: Divulgação
Social Good Brasil discute o papel da tecnologia em projetos de inovação social. Foto: Divulgação

Desde 2012, Florianópolis, Santa Catarina, tem sido o centro de um debate importante: como a tecnologia pode ajudar não só a discutir problemas sociais em uma escala global, como também transformar diferentes realidades. Por meio do seminário “Social Good Brasil”, temas como empreendedorismo social, webcidadania, ciberativismo e voluntariado estão na pauta de palestrantes nacionais e internacionais, como Julián Ugart, fundador e diretor do Socialab, plataforma de inovação social aberta, Emeline Paat-Dahlstrom, vice-presidente executiva de operações da Singularity University (SU) e Dayna Cunnningham, diretora executiva do MIT CoLab, entre outros.

Sob o tema “Protagonismo + Inovação Social: A nova ferramenta de mudança é você”, a terceira edição do Social Good Brasil acontece nos dias 5 e 6 de novembro e está com inscrições abertas por meio do site oficial. De acordo com Carolina de Andrade, diretora executiva do projeto, co-fundadora de organizações sociais e +SocialGood Advisor, o evento tem como objetivo reunir inovadores sociais do Brasil e do mundo, além de oferecer um ambiente multissetorial para discutir a tecnologia e inovação para endereçar problemas sociais. “Não falamos só de tecnologia, mas sim de um novo paradigma que estamos vivendo, novas formas de resolver problemas sociais, de formas colaborativas e não hierárquicas. A tecnologia é uma ferramenta super importante. Mas também falamos do comportamento, de um trabalho muito mais colaborativo, em rede, mais horizontal”, define Andrade.

A edição brasileira integra a agenda oficial Social Good Summit, realizado anualmente em Nova York, mas segue programação independente. Além do seminário, o projeto tem outras frentes, como o programa Social Brasil Lab, laboratório que ajuda a viabilizar projetos de base tecnológica e social e uma plataforma online que reúne informações referentes ao universo do social good.

Em conversa com o iNOVA!Br, Carolina de Andrade fala sobre a identidade e as expectativas do evento que se encontra em sua terceira edição e que, neste ano, amplia suas atividades ao realizar um festival de oficinas em parceria com a Impact Hub Escola.

iNOVA!Br – Como o Social Good Brasil atua?

Carolina de Andrade – O papel do seminário é reunir inovadores sociais do Brasil e do mundo e oferecer um ambiente multissetorial para discutir a tecnologia e inovação para endereçar problemas sociais.  Não falamos apenas da tecnologia, mas sim de um novo paradigma que estamos vivendo, novas formas de resolver problemas sociais. A tecnologia é uma ferramenta super importante, mas também falamos do comportamento, de um trabalho muito mais colaborativo, em rede, mais horizontal.

iNOVA!Br – Além do seminário, vocês atuam em outras frentes.

C. de Andrade – Além do seminário anual, temos o Social Good Brasil Lab, que é um laboratório para inovadores sociais que estão em fase inicial e que precisam justamente de apoio na fase de desenho e de prototipagem das suas iniciativas. O laboratório dura quatro meses, acontece por uma plataforma na Internet e tem 72 horas de oficina mão na massa, quando usamos metodologias inovadoras, como o design thinking e startup enxuta. No final desse processo, selecionamos as iniciativas que vão se apresentar no seminário. E aí no seminário eles apresentam suas iniciativas e podem concorrer a um investimento semente. Nossa terceira frente é a nossa plataforma na internet, um canal de mídia onde a gente tem exemplos do uso da tecnologia e do pensamento inovador para endereçar problemas sociais. Fora isso, nosso seminário também é transmitido ao vivo pela internet.

iNOVA!Br – E como surgiu a iniciativa de ter um evento como o Social Good no Brasil?

C. de Andrade – O Social Good Brasil foi fundado por duas organizações sem fins lucrativos de Florianópolis, que é o ICOM – Instituto Comunitário Grande Florianópolis e o Instituto Voluntários em Ação. Florianópolis é, hoje, um polo tecnológico, e já tinha vocação muito forte em tecnologia. E as pessoas dessas duas organizações começaram a fazer atividades ligadas ao uso da tecnologia mais voltado para o terceiro setor. Em 2011, elas conheceram o Social Good Sumitt, em Nova York, e  perceberam o potencial que havia para tratarmos e explorar mais esse tema no Brasil. E em 2012, inspirados na edição de Nova York, começamos a desenhar o que é o evento hoje no Brasil. Mas desde o início, trabalhamos com essas três frentes, e acabamos fundando uma organização sem fins lucrativos própria. Somos parceiros do evento em Nova York, mas somos independentes.

iNOVA!Br – Qual é a vocação dos projetos que integram o Social Brasil Lab deste ano?

C. de Andrade  – Para você ter uma ideia, as plataformas deste Social Lab trabalham com cidadania, ainda mais em um ano de eleições presidenciais. Então, como a gente pode utilizar a tecnologia para expandir o nosso papel como cidadão? Também temos muitas iniciativas em educação, como dar acesso à educação a partir do acesso à Internet. Na área da saúde, há projetos que abordam redes de apoio na Internet para pessoas que tem doenças crônicas comuns.

iNOVA!Br – Como a tecnologia pode impactar realidades distintas?

C. de Andrade  – A tecnologia tem muito potencial de transformação quando ela consegue dar acesso. E a gente vê isso crescendo com a questão da adesão aos smartphones, em várias classes sociais. As pessoas estão usando estes canais para entregar educação, informações relevantes, recursos financeiros, informação de saúde. E outra teoria é que a tecnologia pode fazer uma transformação através da escala. Nós nunca tivemos de forma tão rápida e com tanta escala a possibilidade de disseminar e conquistar uma causa. Vemos toda uma linha de projetos com petições, que são levantadas na internet e levadas para o Congresso. Outra frente é a autonomia e transparência. A tecnologia tem trazido muita transparência, nunca mais teremos uma situação ou processo de debate político igual àquele quando não tínhamos a internet. As pessoas estão acessando informações que antes elas não tinham.

iNOVA!Br – E o seminário atua também como uma curadoria do próprio tema.

C. de Andrade – Isso. Todos os anos fazemos uma busca dos projetos que são mais exemplares. Gostamos de trazer projetos reais, que já tiveram resultados, que tiveram repercussão. Porque mais importante que trazer uma tendência, é trazer casos reais. Neste ano, vamos ter painéis relacionados à economia da colaboração, ao novo jornalismo independente, um painel sobre campanhas digitais amadoras, sobre o novo voluntariado. Além de laboratórios de inovação social.

iNOVA!Br – Desde a primeira edição, você acredita que o próprio tema e o cenário de “social good” evolui no País?

C. de Andrade  – Como é o terceiro seminário, vemos uma evolução em relação aos temas que estamos debatendo. Apesar de todo seminário buscarmos sensibilizar as pessoas sobre o quanto a tecnologia já transformou a nossa realidade.

Trazemos casos bem reais até para conseguirmos vender esta ideia para as pessoas. Mas eu acredito sim que haja uma evolução e amadurecimento dentro do campo no Brasil, do tema da inovação social. A gente sempre vai avançando nos temas, como se a gente continuasse uma conversa. Exemplo disso é que, no último evento, durante o painel de Educação tivemos um momento em que ficamos no Trending Topics do Twitter, ao discutir qual é a educação que a próxima geração quer. Para esse ano, temos outro painel de educação que vai debater sobre qual o impacto que a tecnologia e a inovação já trouxeram para a educação. Já falamos do que nós queríamos, agora falaremos do que já tivemos.

Outro amadurecimento que tivemos é que neste ano nós fizemos uma parceria com o Festival de Aprendizagem da Hub Escola. Além dos dois dias de seminário, no dia 5 e 6 de novembro, teremos até o dia 12 de novembro um festival de workshops. Então a pessoa pode se inscrever para a programação do seminário e neste festival. Inclusive, alguns dos nossos palestrantes internacionais estarão dando oficinas. Vai ser bem legal, e isso é uma novidade.

iNOVA!Br – Por que falar sobre protagonismo em inovação social?

C. de Andrade –  Social Good é usar o poder da tecnologia e do pensamento inovador para contribuir para a solução de problemas sociais. E dentro do Social Lab a gente trabalha muito com o protagonismo, e dentro das nossas redes sociais também. Quisemos trazer essa questão bem forte do protagonismo e a nova ferramenta de mudança é você, porque para nós a tecnologia é essencial, porém muito mais do que isso, as pessoas sempre quiseram fazer mudanças sociais. Então, a tecnologia acaba sendo uma propulsora, uma aceleradora, que dá escala, que você consegue ir além do que iria antes, mas sempre a partir desse desejo genuíno de fazer a diferença.

iNOVA!Br  – Quais são as expectativas para a edição deste ano?

C. de Andrade – A gente espera ter cerca de 1.200 pessoas no Seminário em Florianópolis, e 7 mil pessoas assistindo ao vivo na Internet, em português e inglês. E acho que ter essa expectativa de continuar a conversa, de muita colaboração, networking. Sempre fazemos uma avaliação com quem foi, sobre como repercutiu em outros negócios. Vimos que o seminário é um ponto de encontro, de debates, reflexão e criação. Sempre pensamos como o evento pode ser transformador.

Seminário Social Good Brasil
Quando: 5 e 6 de novembro
Local: CIC – Avenida Governador Irineu Bornhausen, Florianópolis – Santa Catarina
Ingresso: Passaporte para os dois dias – R$ 50 lote limitado. Ingresso avulso: R$35 – para cada dia de evento
Mais informações, acesse: www.socialgoodbrasil.org.br/seminario

Acompanhe outras notícias sobre inovação, ciência e tecnologia no portal iNOVA!Br, última aposta editorial da Brasileiros Editora. 


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