E NO INÍCIO ERA O ZIMBRO

Sabe aquele aroma peculiar que encontramos em um copo de gim? Uns chamam de perfume, adorando-o, outros odiando-o, mas o que ninguém pode negar é que ele é cheiroso a beça, e a principal responsável por isso é uma frutinha pequena e negra que atende popularmente pelo nome zimbro. Utilizado no século XII para afastar o mal olhado, o zimbro também é usado de maneira vasta na gastronomia, para temperar carnes de caça com aromas marcantes. Além das bagas de zimbro, adicionam-se outros componentes para a aromatização do gim, como laranja, amêndoa, lírio e cássia, e cada produtor dessa bebida dosa os aromas de maneira única para conferir estilos pessoais a seus destilados. Existem várias categorias dessa bebida: Genebra, London Dry Gin, Old Tom Gin, Plymouth Gin, Sloe Gin, e um dos acompanhamentos clássicos para a cerveja, o Steinhaeger. O gim é uma bebida versátil que pode ser apreciada sozinha, com tônica ou sob diversas variações de coquetéis, sendo o mais famoso deles o Dry Martini. Vale a pena provar esse perfume intenso e intrigante, mas com cuidado, pois você pode se apaixonar!

BRASILEIRO, COM MUITO ORGULHO

Se pararmos para pensar, a grande diferença entre nossos vinhos tintos e os de nossos vizinhos, argentinos e chilenos, fica por conta da exuberância nos aromas frutados. Segundo o Master of Wine Dirceu Vianna, para entendermos os nossos vinhos, temos de nos reportar à Europa e nos esquecermos dos parâmetros sul-americanos que abatem os vinhos do Chile e da Argentina com um frutado exacerbado e intenso. Os vinhos nacionais são mais misteriosos, mostram seus aromas aos poucos, têm mais frescor e elegância, são menos diretos. Um grande exemplar de produção limitadíssima (somente duas mil garrafas) é o robusto Michelli 2005 da vinícola Villa Francioni, um corte refinado de Sangiovese, Cabernet Sauvignon e Merlot, que estagia em barris de carvalho francês novo. Um tinto que mostra a capacidade de nosso País para vinhos, com complexidade e potencial de guarda, orgulhosamente brasileiro!

TAÇAS PRA QUE TE QUERO?!

Provavelmente, você já ouviu dizer que para cada estilo de vinho, ou de uva, há um copo específico. Pois é, o responsável pela difusão dessa máxima foi Claus Josef Riedel, um visionário que, a partir de uma percepção acidental, iniciou um trabalho de pesquisa que se estende desde meados dos anos 1930.
O conceito não passa de puros estudos de física e química, e as diferenças na percepção de aromas e sabores são brutais. Os formatos específicos da taça privilegiam aromas típicos encontrados em cada tipo de uva (na foto, taças para Chardonnay, Pinot Noir e Sauvignon Blanc). Tomando como exemplo, temos os vinhos feitos da uva Sauvignon Blanc, com cheiros de mato e frutas cítricas que, se apreciados em uma taça de formato longilíneo e boca mais fechada, são potencializados. Além disso, sua acentuada acidez, refrescante e vivaz, fica marcada no ponto certo, pois o desenho da taça faz com que o líquido seja despejado de maneira magistral para as laterais da língua, local onde percebemos de forma mais efetiva essa sensação tátil. O mais interessante é que, quando bebemos o mesmo vinho em uma taça diferente ou em um copo plástico, os aromas tornam-se retraídos e a acidez pode acentuar-se de maneira desagradável! Parece frescura, mas funciona e pode ser uma brincadeira excitante! Além da taça específica para a uva Sauvignon Blanc, a Riedel também produz taças para diversas outras castas, além das específicas para cada estilo de bebida, de grappas a tequila. A novidade mais empolgante fica por conta de uma pesquisa que está sendo realizada para os apreciadores da nossa tão querida cachaça. É esperar para ver, beber e brindar!

*Gabriela Monteleone é graduada em Gastronomia, com especialização em Enogastronomia, e maître-sommelier do restaurante Gero, em São Paulo.


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