O austero prédio do século XIX, em Madri, o Edifício Sabatini, onde funcionava o “Hospital Geral de Madri” acolhe desde 1988, o Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía. Nos seus espaços e corredores infindáveis, que olham para um jardim de eucaliptos e esculturas de Miró e Calder, estiveram expostas, até fevereiro deste ano, as obras de Ferrari e Schendel.
O museu foi reformado pelo francês Jean Nouvel em 1995 – ano em que, por sinal, venceu o principal prêmio da Arquitetura, o Pritzker. Hoje é considerado um Monumento Histórico Artístico.

O Reina Sofía centra-se, em especial, na arte do século XX, em três coleções – além da área, no térreo, destinada às novas aquisições. Elas despontam como micronarrativas, que os curadores propõem como leituras críticas do mundo em diferentes épocas, embora não imponham uma visita que siga ordem cronológica.

A coleção mais importante, a número 1, no piso 2, foi denominada Vanguardas Históricas. Ela encampa os movimentos que provocaram a reviravolta da arte na primeira metade do século passado, incluindo o cubismo, o dadaísmo e o surrealismo. O painel pintado por Pablo Picasso, Guernica (1937), inspirado na Guerra Civil Espanhola – e terminantemente proibido de ser fotografado, depois do atentado recente que, por sorte, não causou maiores danos à obra – é o ponto alto de uma coleção calcada no moderno e no contemporâneo.
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O espaço reúne outra obra-prima de Picasso Mãe com Menino Morto, assim como trabalhos de seus contemporâneos Juan Miró, Jacques Lipchitz, Mateo Inurria, Juan Gris e Salvador Dalí.

Se a coleção número 1 é um cadinho das vanguardas, a de número 2, exposta no piso 4, traz as marcas causadas pela Segunda Guerra Mundial. Numa Europa em ruínas, ocorre a interrupção traumática das poéticas da modernidade. Denominada Trunfo e Fracasso da Modernidade: anos 50 e 60, a coleção mostra as vertentes surgidas dos destroços, como a estética da negação e a do desgarramento. Na França, surge a Art Brut, termo cunhado pelo pintor Jean Dubuffet, que se opunha ao imediatismo da pintura abstrata, e a filiação a movimentos, em favor de uma arte mais primitiva, crua e bruta. No Reino Unido, os tempos sombrios se revelam nas figuras pintadas por Francis Bacon. Mudança de Paradigma, eis o nome da coleção número 3, exposta no piso 1. Nesse espaço são revisitadas as décadas de 1960 e 1970, que viram eclodir uma transformação radical, reinventando espaços, práticas e gêneros das vanguardas. Foi abandonada a segurança das esferas tradicionais da estética – o que levou muitos artistas a descartar museus e galerias – e introduziu-se na arte a discussão e influência dos meios de comunicação de massas, ampliando reflexões do começo do século XX e avançou do construtivismo para o concretismo e o neoconcretismo.


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