Com o debate sobre criminalização das drogas cada vez mais à tona na sociedade, um estudo americano pode jogar mais luz na questão. Pesquisadores das Universidades de Pittsburgh e de Rutgers concluíram que o uso crônico de maconha na adolescência não causa nenhum problema relacionado à saúde.
A pesquisa divulgada pela Associação de Psicologia Americana (American Psychological Association) comprova que não há nenhuma relação posterior de problema de saúde física ou mental com o uso da droga nessa idade.
Baseado em estudos anteriores, os pesquisadores buscaram uma conexão com sintomas psicológicos, câncer, asma, problemas respiratórios, assim como depressão, ansiedade e pressão alta.
Para o psicólogo Jordan Bechtold, do Centro Médico da Universidade de Pittsburgh, o resultado da pesquisa foi surpreendente. “Não houve sequela física ou mental independente da quantidade ou frequência de maconha consumida durante a adolescência”, disse.
A pesquisa começou mapeando estudantes de 14 anos de escola pública de Pittsburgh no final da década de 80. Por 12 anos, eles foram entrevistados anualmente ou semi-anualmente. Entre 2009 e 2010, 408 participantes foram entrevistados novamente, quando tinham 36 anos.
Nos EUA, quatro estados já liberaram o consumo recreativo de maconha: Washington, Colorado, Alasca, e Oregon, o mais recente que liberou por meio de referendo em julho deste ano. Alguns países como Uruguai, Holanda e Espanha também são liberais quanto à erva.
BRASIL
Já há movimentação para a descriminalização da maconha no País. O projeto de lei 7270 do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) pretende regular a produção, industrialização e comercialização da Cannabis. Criado em 2014, o PL está sujeito à apreciação da Câmara e quer alterar as leis referentes à proibição da droga no Brasil, além do Sistema Nacional de Políticas Públicas. A proposta também visa criar um Conselho Nacional de Assessoria, Pesquisa e Avaliação para as Políticas sobre Drogas.
Além do PL 7270, o Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para o próximo dia 13 o julgamento da descriminalização do porte de drogas para uso pessoal. O recurso foi relatado nesta sexta-feira (7) pelo ministro Gilmar Mendes.
O especialista em drogas Dr. Marcelo Ribeiro acredita que o usuário não pode ser criminalizado mas é a favor da criminalização do comércio. “Com qualquer substância psicoativa, existe um limiar a partir do qual ela faz mal. A droga é capaz de gerar dependentes e considerando que um jovem em amadurecimento, desde criança até os 21 anos, qualquer tipo de interferência que ele sofra nesse processo tem um potencial danoso”, disse. Para Ribeiro, o mal potencial da maconha ainda não está claro e a sociedade precisa amadurecer mais para decidir sobre a descriminalização.
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