Jornalismo em pauta

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Foto: Cândida Tedesco

O ciclo Jornalismo e Literatura é um dos pontos fortes da programação do Fórum das Letras em Ouro Preto. Se na quinta-feira (5) reuniu Adriana Carranca e Bruno Paes Manso (e este que escreve), com mediação de Ricardo Paoletti, nesta sexta (6) foi a vez de Laura Capriglione, da rede independente Jornalistas Livres, e Leonardo Sakamoto, da ONG Brasil Repórter. O mediador foi o grande Audálio Dantas.

Ambos jornalistas com larga experiência, ela na reportagem e/ou direção de veículos como Folha de S. Paulo, Veja e Notícias Populares, ele na cobertura de direitos humanos mundo afora, falaram com propriedade das novas perspectivas do jornalismo. Para Sakamoto, “o jornalismo não está morrendo, mas está sofrendo uma transformação muito grande.” Ele acredita no poder das grandes narrativas, que levem ao leitor o “gosto, cheiro, tudo” das histórias apuradas.

Laura concorda e vai além: “Não é o jornalismo que está em crise, mas as empresas de jornalismo. O jornalismo está mais vivo que nunca!”, afirmou, em seu jeito enfático e animado. Lembrou de como as redes sociais têm forçado as mídias tradicionais a dar nome, endereço e ocupação àqueles que sofrem na mão da polícia, como Amarildo e Douglas Rodrigues. E acha que Datena e Marcelo Resende, ainda que perniciosos, ocuparam um espaço que as mídias tradicionais abandonaram. Lembrou também da importância da narrativa do rap dos Racionais MC’s, que “faz a crônica da periferia melhor do que ninguém”, e que é preciso incorporar as novas formas de informação.

Em seguida, Sakamoto salientou de como é fundamental e difícil a liberdade de conteúdo, dada a forma de financiamento dos veículos de jornalismo através de anúncios. Defendeu a criação de uma política nacional para financiamento da imprensa, lembrando que a a informação de qualidade tem custo, às vezes alto, na forma de processos – deu como exemplo os processos de que ele mesmo é alvo, por denúncias de trabalho escravo. Laura contou como a Jornalistas Livres levantou cerca de 150 mil reais por crowdfunding.

Ambos lembraram também do trabalho “de trincheira” de muitos jornalistas dentro dos grandes veículos e polemizaram acerca da divulgação de fotos com vítimas da violência e do chamado direito ao esquecimento, que apaga registros de notícias supostamente difamatórias. Para Sakamoto, a difamação “pega” e é muito difícil rebater, e por isso é preciso formar leitores críticos e aprimorar o trabalho de fact check.

Neste sábado (7) a conversa, sempre no Grêmio Literário Tristão de Ataíde, pela manhã, será com Paulo Markun e Alberto Martins, com mediação de Marta Maia, curadora do ciclo.


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