A possibilidade de impeachment da presidenta Dilma Rousseff é pequena e não tem chance de prosperar, disse nesta sexta-feira (18) o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Em café da manhã com jornalistas, ele repetiu que a economia reagirá bem, assim que acabarem as incertezas políticas, mas reiterou que são necessárias reformas estruturais e comprometimento com o ajuste fiscal para que o país recupere o crescimento sustentável.
“Superando as incertezas políticas, acho que nossa economia vai reagir bem. No momento, a perspectiva de impeachment é pequena. As pessoas não querem mais incertezas. Na medida em que governo puder articular, apontar com clareza o que se espera nos próximos três anos, as incertezas vão diminuir”, afirmou.
Levy fez uma brincadeira e comparou o apoio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) ao impeachment de Dilma, divulgado nesta semana, ao engajamento da entidade com o modelo do setor elétrico. “Vou ser um porquinho mais direto dada a insistência e a dinâmica. Vejo o apoio da Fiesp ao impeachment da mesma forma que o apoio que ela deu às mudanças do setor elétrico em 2012, até teve um papel inspirador [nas mudanças]. É sempre importante ver quem paga o pato depois”, ressaltou.
A Fiesp foi uma das grandes apoiadoras ao modelo de subsídios para as empresas de energia, que reduziu os preços em 2013 e 2014. O sistema deixou de vigorar este ano, depois que o Tesouro Nacional informou não ter mais dinheiro para bancar a Conta de Desenvolvimento Energético.
O ministro lembrou que a economia brasileira tem vantagens em relação a outros países para superar a crise, como o fato de não existir uma bolha imobiliária e as famílias serem menos endividadas que nas economias avançadas. Ele disse, no entanto, que o Brasil precisa estar atento a países vizinhos, como Chile, Colômbia, Argentina, Uruguai e Paraguai, que estão promovendo reformas para dinamizar a economia.
“Ao longo do ano todo, a presidente Dilma ressaltou a importância de que algumas políticas implementadas tinham se esgotado e que o país tinha de tomar novas direções. Quanto mais transparente o governo é em relação à situação, mais as pessoas se sentem confiantes. Não adianta passar cenário rosa num país com o nível de informação do Brasil. Quanto mais transparente, aumenta confiança das pessoas, mais tranquilidade se dá”, declarou.
De acordo com Levy, as saídas em relação à economia passam pelas reformas estruturais e o equilíbrio das contas públicas. “Fui administrador, costumava lidar com a incerteza e o risco. Vamos prestar atenção aos riscos relevantes”, ressaltou. O ministro destacou que o país precisa se preparar para uma nova realidade mundial, em que os Estados Unidos e a China deixaram de conceder estímulos que elevaram o preço das commodities – bens primários com cotação internacional.
“O mais importante é preparar a economia para o desafio pós-commodities. Esse boom que a gente viveu nos anos anteriores foi reflexo de políticas anticíclicas dos nossos maiores parceiros. Nos Estados Unidos, o Banco Central deu dinheiro para os americanos gastarem. Na China, a política foi investir. Isso levou a um aumento global no fluxo de gastos e de investimentos, mas foi uma resposta anticíclica, portanto temporária”, concluiu Levy.
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