ARTE!Brasileiros entrevista fundador do Foto Museo Cuatro Caminos

A América Latina ganhou um novo espaço para a fotografia. Desde 5 de setembro, na Cidade do México, está aberto o Foto Museo Cuatro Caminos, por iniciativa da Fundacíon Pedro Meyer. Com uma área de 5000 metros quadrados, esse novo espaço promete questionar o que é a fotografia contemporânea e como deveria ser um museu dedicado à imagem no século XXI. A instituição pretende ser um espaço dedicado à exibição, experimentação e reflexão sobre a imagem contemporânea em todas as suas possibilidades, compreendendo vídeos, cinema, multimídia, música e tudo que possa dialogar com ela. Dentro da sua proposta, o museu não terá acervo ou coleções.

O espaço abrigará três galerias, cinco salas de aula, um auditório para 180 pessoas, loja, livraria, cafeteria, estacionamento e restaurante ao ar livre no terraço. O arquiteto Maurício Rocha Iturbide conseguiu transformar a antiga fábrica de plásticos de propriedade da família Meyer em diversos lugares muito amplos com pés-direitos de até 4,5 metros. O uso de vidros para penetração da luz natural num espaço tão grande como do FM4C foi determinante para seus usos multifuncionais e para a circulação dos visitantes. Segundo o fotógrafo Pedro Meyer, fundador do FM4C, “a arquitetura de um museu influencia decisivamente em seu sucesso ao buscar a perfeita iluminação”.

A abertura contou com as exposições El Estado de las Cosas e Todo por Ver, sob curadoria de Francisco Mata Rosas e Montiel Klint. Ambas contam com uma seleção de imagens e de material audiovisual produzidos nos últimos 15 anos por fotógrafos mexicanos e latino-americanos. A exposição El Estado de las Cosas trata da dolorosa questão da violência no México e ativa o pensamento do público, uma vez que fotografias e histórias, recentes e antigas, colocadas lado a lado, mostram que a violência não começou ontem e que está cada vez mais virando uma bola de neve.

A diretora do museu, Maria Guadalupe, assinala que a exposição leva o espectador a lembrar sobre o recente desaparecimento dos 43 estudantes secundaristas em Ayotzinapa: “Queremos abrir o debate e a reflexão sobre o que está acontecendo, unir vozes da sociedade civil e fazer um trabalho para ajudar a reconstruir os laços sociais da sociedade mexicana realmente danificada”, disse a diretora. Participam da mostra, entre outros fotógrafos, Guillermo Arias, Rashide Frías, Pedro Pardo, Miguel Dimayuga, Fernando Brito, Oswaldo Ramírez, Maria Luz Bravo e Ana York. Já, a exposição Todo por Ver, segundo os curadores, reúne imagens captadas entre 2000 e 2014 que abarcam fotografia antropológica, rural, urbana e social, em cores e em preto e branco, de autores que também incluem Eniac Martinez, Yvonne Venegas, Alessandro Bo e Cézar López, entre muitos fotógrafos. Aqui os curadores procuraram não “etiquetar” fotojornalistas, fotógrafos autorais, ou mesmo fotógrafos conceituais e assim, mostrar a diversidade da fotografia Mexicana. Ainda há tempo para conferir as duas exposições que estarão abertas até final de janeiro de 2016.

Pedro Meyer nos fala um pouco sobre esse novo espaço nesta breve entrevista:

ARTE!Brasileiros – O pesquisador e professor alemão Andreas Huyssen tem dito que  o mundo está sendo “musealizado” no sentido de que  a memória tem sido uma das preocupações culturais e políticas centrais das sociedades ocidentais. Por que Foto Museo Cuatro Caminos optou por não adquirir acervos e coleções?

Pedro Meyer – Um museu tem que cuidar de seus recursos e não investir em algo que não coincide com seus objetivos. Nós nos concentramos no nosso projeto de educação.

ARTE!Brasileiros – Qual é a missão e o conceito que o FM4C pretende enquanto museu contemporâneo ?

Pedro Meyer – Basicamente com tudo o que tem a ver com a educação do indivíduo numa época em que a educação tradicional falhou completamente.

ARTE!Brasileiros – Quais novos suportes para a linguagem fotográfica que o FM4C pretende implementar?  De que maneira a música estará relacionada com a fotografia?

Pedro Meyer – A música está relacionada com a fotografia como  está o texto, como estão todas as novas tecnologias, como está o cinema, assim como qualquer demonstração de que permite que a imagem seja considerada parte da cultura contemporânea.

ARTE!Brasileiros – A popularidade dos museus e a cultura de exposições na atualidade parece vir da necessidade das pessoas ouvirem e ver cada vez mais histórias dos outros. Que tipo de narrativa o FM4C pretende oferecer?  Qual é o público que o FM4C espera receber?

Pedro Meyer – O nosso público será tão diverso como a diversidade da população (3 milhões de pessoas)  que está em torno do museu.

 


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