Perigosas peruas

Rainha de qual bateria?Meus caros, o beijaço de ontem (domingo, 7) acabou sendo um fracasso – pelo menos eu achei que foi. Muito poucos casais, perseguidos por um número muito maior de fotógrafos e jornalistas, que queriam tirar das poucas bibas presentes alguma declaração inteligente – não foi fácil. Eu acho que a politização do evento, o apoio ao Terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos, que eu ainda acho uma manobra demagógica do nosso governo federal, esvaziou o programa, que tinha tudo para dar certo, se bem feito. O próprio líder do governo no Senado já avisou que não vai apoiar a votação dos nossos pleitos este ano – fica tudo para o para o presidente que vier, e os gays que se danem. Beijar para que, se a realidade é essa?

No mais, a semana já começa com a caçada às perigosas peruas. Beyoncé deu um belo show, ao qual não fui, pois não pertenço à geração mais jovem. Foi bacana ver um pouco pela televisão, Ivete Sangalo foi maravilhosa, eu amo a baiana, ela sim vale um show só dela, e vou esperar por isso. Milhares de adolescentes histéricos, que não têm mais o que fazer da vida, vão ocupar sua semana perseguindo as divas – não deu para entender se Beyoncé realmente vai embora quarta-feira, dia em que Madonna já está com audiência com José Serra confirmada em São Paulo. Disseram que as duas disputaram todo o andar VIP do Copacabana Palace, não sei quem ganhou. Madonna trará até mesmo sua mais nova filha adotiva, Mercy James, que já anda para cima e para baixo com a fitinha vermelha da cabala no pulso, chiquérrima, mas não deve ir ao Centro de Cabbalah em SP, dizem. Agora, me digam, qual é a rainha de bateria que vai resistir à concorrência de Madonna em algum dos camarotes? Serão todas esquecidas na pista, não vai ter mais para ninguém, Rivotril para as passistas esse ano. Beijos do Cavalcanti.


Comentários

16 respostas para “Perigosas peruas”

  1. Nossa Lourenco,

    Esse pessoal nao sabe mais ler, nao eh? Antes que alguem diga que eu nao sei escrever, estou na Holanda, com um teclado sem acentos.

    Eu nao estive lah, mas concordo que uma manifestacao com 300 pessoas em uma cidade do tamanho de Sao Paulo eh pifia. A manisfestacao serve para fazer numero sim, mostrar que uma parcela significativa da populacao apoia as ideias propostas pelos organizadores e consequentemente dar visibilidade ao movimento. Mesa redonda ou debate, sao coisas diferentes e normalmente acontecem em algum grande auditorio de universidades ou centros de convencoes.

    Como o que voce escreveu foi sua opiniao e nao um decreto oficial do qual as pessoas poderiam discordar com tamanha veemencia, vou concordar com voce, com a mesma calma a qual discordo – como jah discordei anteriomente – e vamos continuar amiguinhos. 🙂

    Beijocas

    1. Querida, respeito a opinião diversa, sempre respeitei, mas ignorância não dá para tolerar unca. Adorei ser chamado de “Direita gay”, logo eu que noticiei o evento e convidei todos a tomarem parte. Será a toa que o evento dessa gente foi um fracasso?
      Bjs

  2. Beijar para que, se a realidade é essa?
    Estive lá e não achei fracasso nenhum.Se calar e não beijar é compactuar com o preconceito e a violência contra homossexuais,mulheres e torturados na Ditadura Militar.
    Foi uma manifestação pacífica onde uma presença me chamou a atenção,mas que só acabei conhecendo depois a sua historia,Tchaka Drag Queen estava alí porque queria excluir as aspas ao mencionar que era casada -“Eu Tchaka Drag Queen mais conhecida como Tchaka Ohara sou “casada” coloco entre aspas pois tenho fé que um dia tirarei as aspas definitivamente. Faz 10 anos que tenho um relacionamento de respeito, cumplicidade, colaboração, generosidade, tesão, sexo e principalmente amor com meu companheiro lindo e inteligente. Estarei no evento do Beijaço na Avenida Paulista junto com meu amor eterno. então já sabe quer beijar venha junto com a Tchaka na Paulista e encante o mundo com a arte de aproximar almas. Bjs bjs e mais bjs… – DRAG QUEEN TCHAKA – 4/2/2010 04:34:40″- por essa e por outras valeu e muito o evento.

  3. bom, concordo com Raphael Tsavkko e Augusto Patrini… como disseram, o número não conta, mas sim a repercussão do evento…
    Onde trabalho todos sabiam do acontecimento, e todos ficaram curiosos por saber qual o motivo de tudo isso, onde fiquei feliz em explicar e descobrir que muitos concordam com a manifestação…

    Eu estava lá, e me expressei como tive vontade! Script pra que? A função era outra! E não causar comoção em grande escala…
    Lá ocorreu o que não ocorre em todas as Paradas Gays de SP! Muita gente que sabia realmente o que acontecia e apoiava, sem bagunça, sem bebida, sem drogas…

    Teve seu efeito, e isso é FATO.

  4. O PNDH 3 já é vencedor pois promove um debate importante sobre direitos humanos entre sociedade cívil, seus representantes e o governo. Não se pode desqualificar um trabalho inteiro porque não concorda com alguns pontos. Será díficil agradar gregos e troianos em um país de maioria conservadora e com uma esquerda combativa, sendo que boa parte da população desconhece seus direitos mais básicos… O que não pode é simplesmente dizer que não quer mais falar sobre o assunto.

    Quanto à organizar manifestações, é díficil mesmo, não sei o que seria necessário acontecer nesse país para tirar o povo de casa.

    Se a direita gay boicotou o Beijaço, Clodovil está se revirando no túmulo de contentamento.

    1. Meus caros,

      Vou encerrar a discussão, não há mais muito o que dizer. Este espaço foi democrático, noticiou o evento e convidou a todos para que fosem apoiar a causa gay. Não concordar com o PNDH-3 não quer dizer que não concordo com direitos humanos, tal distorção é inadmissível e pouco inteligente. Não tenho compromissos com outras reivindicações, mesmo que eventualmente as apoie. 300 pessoas, numa cidade como São Paulo não me parece muita coisa, esta é minha opinião. Atribuir o fracasso à “Direita gay” é falta de argumento, sorry. A maioria falou por sí.

      Assunto encerrado.

      LC

  5. Quem quiser ver fotos e ler o texto de convite para o beijaço: http://sturmydrang.blogspot.com/

  6. Nós não mandamos na pauta de uma manifestação, isso seria dirigismo autoritário.

  7. Quem quiser que vejam as fotos e julgue por si mesmo se foi ou não um sucesso: http://www.flickr.com/photos/ariny/sets/72157623375048428/show/with/4339490360/

  8. Além disso as meninas feministas que estavam no ato tinham o direito democrático de defender o aborto, … Esse foi um ato sem cacique, não tinha gente dizendo o que podia e o que não podia… mas era um evento com alma, ninguém se vendeu para empresas (como na Parada Gay), e além disso foi uma manifestção das pessoas, sem entidade controladora… o sucesso de um ato não é medido pela quantidade de pessoas mas pelo convite a reflexão que enseja.

  9. Também discordo do teu comentário. Acho que trezentas pessoas é mais que um sucesso, em uma manifestação realmente política, ao contrário da Parada Gay que tornou-se um carnaval fora de época completamente vazio. No texto em que chamamos para a manifestação colocamos a defesa de várias medidas do PNDH3, quem estava lá e discordava debateu… Agora não se pode obrigar as pessoas a beijarem… as pessoas estavam lá, e é claro que pesou um pouco a homofobia, algumas pessoas tiveram medo, mas o importante é que estavam lá.

  10. Meu caro, não vi nada. Assumi de vez a condição de pantufa, a sapatão do lar. Beijas.

  11. Discordo completamente. Poucos foram os casais se beijando, mas muitos foram os presentes! E como não politizar? tudo é política! O que vem para garantir os direitos dos homossexuais é exatamente o PNDH-3! Ou vamos todos ficar quietos, esperando que algum milagre aconteça e de um dia pro outro acabe preconceito, homofobia e etc?

    Fomos mais de 300 presentes no ato, mas poucos se beijaram… e daí? Só beijar conta? Estar lá, apoiar, não é nada?

    Infelizmente o movimento gay organizado boicotou. Dizem que não foram informados quando, na verdade, são aparelhados com PPS e partidos da direita, que estavam no ato ridículo contra o PNDH-3 no MASP, junto com os integralistas (http://tsavkko.blogspot.com/2010/02/quando-direita-sai-da-toca-parte-2.html).

    Foi perfeito o nosso ato? não. Mas dentro do que era esperado, pela forma como foi organizada, foi um sucesso! E repercutiu bastante!

    E não era só um ato gay, mas também das feministas, também da defesa do PNDH-3.

    conversei com muita gente por lá, e todos disseram que tinham adorado ter participado. Fizeram a diferença, mesmo com a mídia falando contra, mesmo o ato tendo sido convocado exclusivamente pela internet.

    1. Raphael, respeito sua opinião, concordo que tudo é política, mas acho que os fatos falam por sí. Eu mesmo noticiei e chamei a todos para um evento, e a comunidade, seja gay ou não, não respondeu de forma significativa. Acho que misturaram-se temas, não acho que nossa pauta e aborto deveriam ser postas juntas, e não acredito no PNDH-3. É minha opinião.
      Abraço do Lourenço

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