Thalitamania na Bienal do Livro de Minas

(Da esq. à dir.) Babi, Thalita, Bruna e Paula (segurando o celular): as quatro fantásticas. Foto: Daniel Benevides
(Da esq. à dir.) Babi, Thalita, Bruna e Paula (segurando o celular): as quatro fantásticas. Foto: Daniel Benevides


A cabine de vidro, no alto, é onde ficam os autores. Tomam café, água, comem biscoitos e recebem a imprensa. Também convivem entre si, a despeito de eventuais abismos. De um lado, escritores “sérios” discutem a obra de Murilo Rubião, mineiro de grande imaginação, criador de
O Pirotécnico Zacarias, e homenageado desta quinta Bienal do Livro em Belo Horizonte. De outro, uma exuberante Thalita Rebouças, com uma blusa à guisa de vestido bem acima do joelho e saltos altos brinca com a colega de infanto juvenis, a também Best-seller Paula Pimenta (quase um milhão de livros vendidos), vestida como adolescente, com tiara de princesa na cabeça. Quando aparecem na beira do vidro, ouve-se uma gritaria ensurdecedora. São as thalitetes. E pimentetes. Guardadas as proporções, a sensação é de beatlemania. Uma visão surrealista num país de poucos leitores.

No caminho para a palestra, para falar do livro Um Ano Incrível, precisam de escolta policial. Ao lado delas, a descolorida Babi Dewet e a blogueira Bruna Vieira, parceiras nessa empreitada única na literatura mundial (se não única, raríssima): um livro escrito a oito mãos. Esmaltadas. No meio da balbúrdia, uma senhora aparentemente fora de contexto me pergunta se sou autor. Digo que sou jornalista, imaginando decepcioná-la. Com ar de súplica, ela me informa que viajou seis horas para conseguir um autógrafo para a neta. E pergunta se eu não conseguiria tal troféu para ela. Tento explicar que posso tentar, mas logo somos engolfados pelas adolescentes devoradoras, que saem mordendo os calcanhares de Thalita, Paula, Babi e Bruna.

A escritora Thalita Rebouças diz fiar  superempolgada com as fãs. Foto: Daniel Benevides
A escritora Thalita Rebouças diz fiar superempolgada com as fãs. Foto: Daniel Benevides


Falei com a exultante Thalita, olhos e dentes brilhantes, o carisma surfando na euforia ao redor. Com gestos e palavras ágeis, e uma velocidade vocabular impressionante, ela conta como se construiu essa carreira de sucesso.

“Desde que comecei , há 16 anos, esse mercado de livros infantojuvenis só tem crescido, a galerinha tem lido cada vez mais. Eu acho isso lindo, porque é livro, né? Fico superempolgada com as fãs e nessas feiras e bienais dá pra se sentir meio Beatles mesmo. Mas nos outros lugares a vida é bem normal. Amo ir nessas feiras de livro porque é o único momento em que os escritores são valorizados como cantores e atores.
Quando o Harry Potter surgiu foi lindo. A JK Rowling fisgou uma galera que não encontrava nada para ler. Essa galerinha de 11, 12, 13 anos. O Harry Potter beneficiou realmente autores como eu, abriu portas, foi um divisor de águas. Teve uma vez que foi engraçadíssimo, eu estava lançando meu segundo livro e tinha uma fila enorme para comprar o livro novo do Harry Potter. E eu falava: Gente! Essa autora nem ta aí! Eu tô! Por que todo mundo vai comprar os livros desse magiquinho? Mas era brincadeira, claro. Sou super fã.”

Confiante, Thalita acredita que forma leitores. E considera essa sua missão. Por conta disso, pergunto de sua formação literária: “Fernando Sabino, João Ubaldo Ribeiro e Luis Fernando Veríssimo foram muito importantes para mim. Eu achava os livros chatos e eles resgataram para mim o gosto pela leitura por causa do humor. Eu sempre achei que eles conseguiam contar casos simples, do dia a dia, de uma maneira tão genial e saborosa, que queria fazer igual. E eu pude falar isso pro João Ubaldo. Lembro que eu tremia na frente dele. Quando o Sabino morreu, chorei como se fosse alguém da minha família, de tão próxima que me sentia dele.”

.


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.