Ovacionado pelos colegas na sessão que vota a admissibilidade do impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) declarou seu voto favoravelmente ao afastamento “em memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra”, ex-chefe do DOI-CODI (1970-1974) e o primeiro militar considerado torturador pela Justiça, em 2008.
Próxima a tomar o microfone, Jandira Feghali (PCdoB-RJ) não pensou duas vezes e respondeu ao colega de estado: “Ficou claro para a sociedade brasileira qual é a aliança pelo impeachment. Que reúne corruptos e torturadores, como Jair Bolsonaro. A luta apenas começou”, afirmou. Ela foi seguida por Jean Wyllys (PSOL-RJ), que precisou gritar ao microfone para ser ouvido, enquanto os adversários o vaiavam. O deputado foi ainda mais incisivo que Jandira: “Voto contra esses ladrões, analfabetos políticos, contra essa farsa sexista”, disse. “Durma com essa, canalhas”, concluiu.
Outro a votar contra o impeachment, o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) ironizou a fala dos parlamentares, que insistiam em ignorar o relatório pró-impeachment e oferecer seu voto “à família e a Deus”: “Eu nunca vi usarem tanto o nome de Deus em vão”. Já Wadih Damous (PT-RJ), se referiu a Cunha como “chefe da corrupção”. O mesmo que disse Helder Salomão, ao dizer que o presidente da Câmara não tinha “moral” para liderar o voto.
A votação
Apesar de o governo ter articulado pela ausência de vários parlamentares, a estratégia não atingiu o objetivo esperado. Às 21h, dos 513 deputados, 510 já tinham marcado presença na Câmara dos Deputados. E desses, apenas dois estão de licença médica.
Não tinham registrado presença no placar eletrônico da Câmara os deputados Aníbal Gomes (PMDB-CE), Clarissa Garotinho (PR-RJ) e Aloísio Mendes (PTN-MA). Aníbal vai fazer uma operação nos próximos dias e deve entregar atestado na segunda-feira (18); Clarissa Garotinho está em casa por recomendação médica — está grávida de 35 semanas. Aloísio Mendes é apontado contra o impeachment e já tinha se manifestado nesse sentido e, até a noite deste domingo (17), não estava em Brasília.
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