Protestos bloqueiam ruas pelo Brasil: “Violência é o que fazem com a Constituição”

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Manifestantes em pelo menos 17 Estados ocuparam na manhã de desta terça-feira (10) algumas das principais vias de suas capitais em protesto contra a destituição da presidenta Dilma Rousseff. São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Santa Catarina,Rondônia, Ceará, Espírito Santo, Amazonas, Piauí, Pará, Maranhão e Rio Grande do Norte, além do Distrito Federal.

Em São Paulo, a Marginal Tietê foi bloqueada nas imediações da ponte do Tatuapé. Mais cedo, os integrantes de movimentos sociais haviam interrompido o trânsito nos dois sentidos da Avenida 23 de Maio, próximo ao Terminal Bandeira, na Marginal Pinheiros, perto da ponte do Brooklin, e na Rodovia Hélio Schmidt, que dá acesso ao Aeroporto Internacional de Guarulhos. No Rio, as rodovias foram o principal alvo.

Na capital paulista, os atos começaram simultaneamente por volta das 6h30 da manhã. No entanto, às 7h30 a Rodovia Hélio Schmidt e a Marginal Pinheiros, na região do Morumbi, permaneciam parcialmente ocupadas por manifestantes.

O coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, contestou a argumentação usada para o processo de destituição de Dilma. “Eles podem dizer que é uma violência fechar uma avenida como a 23 de Maio e outros pontos na cidade de São Paulo. Mas não é uma violência em comparação com o que eles estão fazendo com a Constituição brasileira. Está tendo um processo de impeachment que não tem embasamento jurídico, essa é a maior violência”, ressaltou em entrevista logo após o fim do bloqueio próximo ao Terminal Bandeira.

As principais preocupações dos movimentos são em relação aos direitos trabalhistas e aos programas sociais. “Um eventual governo Temer já sinalizou que será um governo de ataque às conquistas dos trabalhadores, no sentido das leis trabalhistas e previdenciária, dos programas sociais e da própria soberania do nosso país”, disse Bonfim.

Para o coordenador, a decisão do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão, de anular a sessão que aprovou a continuidade do impeachment e as repercussões do fato explicitam os problemas do sistema político. “É uma situação que demonstra a fragilidade, fragmentação e falta de autoridade do Congresso Nacional, tanto da Câmara dos Deputados, quanto do Senado”, disse, ao defender a necessidade de uma reforma no sistema político.

Maranhão decidiu ontem acatar um recurso da Advocacia-Geral da União e anular a sessão que votou pela abertura de processo de impedimento contra Dilma. A decisão foi, entretanto, ignorada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, que determinou que fosse lido o parecer favorável à admissibilidade do processo no plenário da Casa. Ainda na madrugada, Maranhão revogou o ato que havia assinado. Com isso, começou a contar o prazo de 48 horas para que os senadores votem a admissibilidade e o afastamento da presidenta por 180 dias, o que deve ocorrer nesta quarta-feira (11).

Veja os protestos em outro Estados:

Rio

No Rio de Janeiro, manifestantes fecharam trechos de duas rodovias federais na região metropolitana do Rio de Janeiro. Eles atearam fogo a pneus na Rodovia Rio-Santos (BR-101) e na Via Dutra (BR-116).

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), na Via Dutra, os manifestantes fecharam a pista sentido Rio, pouco antes das 5h, na altura do quilômetro 178, em Nova Iguaçu, com pneus em chamas. A pista foi liberada cerca de 20 minutos depois.

Já na Rio-Santos, os manifestantes também colocaram fogo em pneus na altura do quilômetro 394, em Itaguaí, nos dois sentidos. Fotografias divulgadas pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) em sua rede social mostram pneus queimados e manifestantes segurando faixas com dizeres “Não vai ter golpe” e “Câmara contra o golpe”.

De acordo com a PRF, a manifestação começou pouco antes das 6h30 e durou cerca de uma hora e meia. O fechamento das pistas provocou um engarrafamento de seis quilômetros no sentido sul fluminense, segundo a polícia.

Paraná

Integrantes do MST fizeram uma passeata pela BR-277 sentido a Foz do Iguaçu, o grupo estaria indo para a Usina Hidrelétrica de Itaipu. A Polícia Rodoviária Federal informou que em Foz do Iguaçu, na BR-600, ocorreu uma interdição parcial por cerca de 200 manifestantes.

DF

Segundo a Polícia Rodoviária e o Corpo de Bombeiros, cerca de 200 pessoas fecham a
BR-070 (altura de Águas Lindas), no Distrito Federal, com queima de entulho e galhos de árvore. Apenas um trecho da pista sentido DF-GO foi liberado.

Bahia

Em Salvador, os manifestantes ocupam a avenida Suburbana em diversos pontos, mas há protestos em Itacaranha, Praia Grande, Estrada do Derba e na rotatória de Periperi. A avenida Garibaldi foi fechada com pneus queimados.

Rio Grande do Sul

A PRF registra congestionamentos nas BRs 116 (Sapucaia do Sul) e 290 (Eldorado do Sul). Nas rodovias, pneus foram incendiados, enquanto ainda era noite. Por volta das 8h, os congestionamentos somavam 10 quilômetros.

Espírito Santo

Em Vitória, um grupo de manifestantes protesta diante do Palácio Anchieta com queima de pneus e fechamento de duas vias.

Rio Grande do Norte

Já em Natal, rodoviários cruzaram os braços e deixam a população sem ônibus. A prefeitura liberou, excepcionalmente, que ônibus de fretamento e táxis façam o transporte coletivo.

Paraíba

Em João Pessoa, manifestantes bloqueiam a garagem da empresa de ônibus Transnacional na BR-230. Outro grupo foi para a frente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos, no bairro do Varadouro.

Pernambuco

O protesto ocorreu na BR-101, no bairro de Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes. A manifestação acontece nos arredores da fábrica da Viitarela.

*Com Agências


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