A presidenta afastada, Dilma Rousseff, comentou na noite de segunda-feira (30) o afastamento do ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, em discurso na UnB (Universidade de Brasília) durante o lançamento do livro “A resistência ao golpe de 2016”, de diversos autores. Na ocasião, ela ironizou a criação da pasta e a extinção da Controladora Geral da União – CGU.
Em um discurso firme e à vontade, Dilma comentou a queda de Silveira lembrando que “nunca tivemos um ministro da Controladoria Geral da União afastado ou que deixou de fazer sua função, que é transparência do governo”. Segundo a presidenta, foi iniciativa de seus anos no governo a criação do Portal da Transparência, “com todas as contas do governo” para consulta popular.
Dilma ironizou a substituição do ministério por um outro. “Fiquei achando muito estranho que eles tivessem olhado o Ministério da Controladoria Geral da União e transformado em Transparência.” Depois atacou: “Primeiro pensei que era uma jogada de marketing, mas tenho certeza agora que era para tornar obscura a transparência, opaca, e isso é o que caracteriza o momento que nós estamos [vivendo].”
Se falta transparência no governo e faltou a uma parte da imprensa nacional, sobrou para a mídia estrangeira, disse. “Eu acredito que a imprensa internacional foi muito importante, uma vez que ela não estava envolvida nos jogos políticos e artimanhas e foi importante em caracterizar politicamente o que o Brasil está vivendo. A imprensa internacional deu uma grande contribuição. Mas não foi ela que deixou [o golpe] patente, mas os próprios golpistas gravados.”
Sob aplausos, Dilma lembrou que “como todos os outros golpes, ele detesta ser chamado de golpe” e falou que as gravações que vêm derretendo o governo “interino e ilegítimo” tem “farta conversa a respeito de evitar que a sangria os atinja, que seus crimes sejam desvendados e que foi objeto de praticas ilegais seja desmascarados e que por isso eu tenho de ser afastada”.
Dilma lamentou a decisão de Temer de cortar subsídios do Minha Casa Minha Vida para as camadas mais pobres da população. “Ora, se não vão atender a fase 1, onde está 80% do déficit habitacional, não vão atender nenhum pobre neste País. E se são contra subsídio, são contra que os impostos sejam revertidos para pagar a imensa dívida deste País com a população que nada tem.”
“O mais grave”, disse ela, é “para nós mulheres” porque “é um governo de homens brancos, velhos, ricos e machistas. Isto está claro na ausência de mulheres no primeiro escalão do governo. Temos de chegar aos 50%, mas o máximo que atingimos foram oito mulheres no primeiro escalão dos ministérios”. Ela lembrou que apesar disso, pela primeira vez na história, mulheres dirigiram instituições como a Petrobras e a Caixa Econômica Federal.
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