Uma multidão enfrentou as baixas temperaturas em São Paulo e foi ao ato contra o presidente interino Michel Temer na Avenida Paulista, nesta sexta-feira (10). Os organizadores, Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo, falam em 100 mil manifestantes.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve presente no protesto e discursou de cima de um carro de som, acompanhado por nomes como Rui Falcão, presidente do PT, Vagner Freitas, presidente da CUT, Guilherme Boulos, líder do MTST e Carina Vitral, presidente da UNE.
Lula criticou o corte de ministérios de Temer: “Se a solução desse País fosse diminuir ministério, tinha que cortar ministério de estatística, número e deixar os que cuidam de gente, homem, mulher, velho e criança. Temer não age como presidente interino, assume como se tivesse a autoridade de Fidel Castro, em Havana, depois da revolução de 1969. Fidel tinha feito uma revolução, Temer chegou por meio de um golpe”.
O ex-presidente também alertou para o desmonte que o governo do presidente interino pretende promover no País: “Na verdade eles não querem governar, querem vender patrimônio público, a Petrobras, Banco do Brasil, Eletrobras, Caixa Econômica, tudo. Quando tiverem problema dentro de casa, vão querer vender até a família. Tenho orgulho de saber que o Brasil é maior do que os bancos privados, que a Caixa Econômica é o segundo banco desse País. Quando veio a crise em 2008, o sistema financeiro privado não queria financiar crédito, os bancos públicos ajudaram a salvar esse País crescer. Eles não sabem governar, só sabem privatizar”.
Em sua fala, o petista criticou José Serra, chanceler interino, e sua proposta de política externa para o Brasil: “Eu vi a entrevista do atual chanceler no Roda Viva. Lembrei do que Chico Buarque disse: ‘Eu gosto deste governo do PT porque não falam grosso com a Bolivia e não falam fino com os Estados Unidos. O ministro Serra acha que o Brasil tem que conhecer o seu lugar, somos pequenos e pobres. Quem tem que mandar são os americanos, europeus e a gente fica de cabeça baixa. Digo ao Serra e a quem tem complexo de vira lata nesse País: eu aprendi na vida que a gente não é respeitado porque é vivo, porque é grande ou porque tem bomba atômica. Os EUA seriam muito mais respeitados se, ao invés de poderosos, fossem generosos com o restante do mundo. Essa gente que está lá aprendeu a ser serviçal, a baixar a cabeça para aqueles que nos colonizaram ao longo do tempo, ideologicamente, politicamente e economicamente”.
Lula também falou sobre o que chama de “conluio” entre setores da Polícia Federal, do Judiciário e da imprensa: “Cada petista desse País deveria abrir um processo contra quem diz que o PT é uma organização criminosa. Esse partido são milhões e milhões. Ninguém tem direito de dizer que o PT é uma organização criminosa. Eu estou de saco cheio de todo dia eles dizerem que o dinheiro da campanha do PT é suja. Só falta dizer que o dinheiro dos tucanos vem da Catedral da Sé. A coisa mais perversa é o conluio entre setores da PF, do Judiciário e imprensa. Imagino que eles não precisem da justiça nem de julgamento. Querem condenar com uma manchete de jornal. Quem não morreu de fome até os cinco anos onde eu vivi e venceu a fome não tem medo de nada. Quanto mais eles me provocarem, mais eu corro o risco de ser candidato à Presidência em 2018“.
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