Não são apenas as curvas da assinatura de Oscar Niemayer que tornam semelhantes as sedes do governo federal, em Brasília, e do governo de Minas Gerais. Idealizada e inaugurada pelo então governador Aécio Neves, a Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves, que acaba de entrar na mira da Operação Lava Jato, também torna mais distante os governantes de seus governados.
Aécio e o complexo em homenagem ao avô são o novo capítulo da novela das delações premiadas. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o sócio da construtora OAS, Léo Pinheiro, dirá em delação que pagou suborno a auxiliares de Aécio durante a construção do conjunto de prédios, entre 2003 e 2010. A empreiteira, que dividiu o trabalho com outras empresas, teria repassado R$ 3 milhões em propina.
Estimada em R$ 500 milhões, a obra foi concluída por R$ 1,26 bilhão. Com mobiliário, R$ 2,1 bilhões.
São aproximadamente 270 mil m² de área construída, com direito à sede do governo, secretarias de Estado, auditório, centro de conveniência, praça de alimentação e shopping. A assinatura de Niemayer se destaca no Palácio Tiradentes, o maior deles. Também é o maior do mundo em concreto protendido suspenso, com um vão livre de 147 metros de comprimento e 26 metros de largura.
Toda essa estrutura foi levada para bem longe do centro de Belo Horizonte. Embora encha os olhos, está distante das pessoas, como Brasília. Ela foi construída na Rodovia Prefeito Americo Giannetti, no bairro Serra Verde, em um descampado na fronteira entre as cidades de Vespasiano, Belo Horizonte e Santa Luzia.
Assim como Brasília foi oficialmente inaugurada para levar desenvolvimento ao centro do País, o governo mineiro afirma que “a Cidade Administrativa pretende induzir o desenvolvimento econômico e social no Vetor Norte da Região Metropolitana de Belo Horizonte, local de baixos índices socioeconômicos, mesmo com uma localização privilegiada, com acesso aos principais eixos rodoviários e proximidade do Aeroporto Internacional Tancredo Neves”.
Deixe um comentário