Foi sem meias palavras que a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu à autorização do STF (Supremo Tribunal Federal) para que o petista e a presidenta afastada, Dilma Rousseff, sejam investigados por tentativa de obstruir a Operação Lava Jato – um pedido feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Para os defensores, o juiz do caso, Sergio Moro, é quem deveria ser investigado.
O pedido de Janot tem por base a delação premiada do então senador Delcídio do Amaral. Nela, ele afirma que a presidenta afastada, Dilma Rousseff, e o ex-presidente nomearam, no ano passado, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Marcelo Navarro Ribeiro Dantas para barrar as investigações a Lava Jato e libertar empreiteiros presos. O juiz, os ex-ministros da Educação, Aloizio Mercadande, e da Justiça, José Eduardo Cardozo, também serão investigados.
Em nota, os advogados do ex-presidente afirmam que Moro também deveria passar pelo escrutínio das investigações. “Se o Procurador-Geral da República pretende investigar o ex-presidente pelo teor de conversas telefônicas interceptadas, deveria, também, por isonomia, tomar providências em relação à atuação do juiz da Lava Jato [Moro] que deu publicidade a essas interceptações — já que a lei considera, em tese, criminosa essa conduta”, diz a defesa.
Dilma declarou, por meio da assessoria, que não praticou nenhum ato para barrar as investigações da Lava Jato. “A assessoria de imprensa da presidenta Dilma Rousseff afirma que a abertura do inquérito é importante para elucidar os fatos e esclarecer que em nenhum momento houve obstrução de Justiça. A verdade irá prevalecer”, diz a nota.
Também em nota, Mercadante negou que tenha obstruído as investigações. “A decisão do Supremo Tribunal Federal de abertura de inquérito será uma oportunidade para o ex-ministro demonstrar que sua atitude foi de solidariedade e que não houve qualquer tentativa de obstrução da justiça ou de impedimento da delação do então senador Delcidio do Amaral.”
A reportagem entrou em contato com os ministros do STJ, que informaram que não vão se manifestar.
*Com Agência Brasil
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