Após esse trecho escrito pelo grande enólogo Émile Peynaud, eu deveria simplesmente parar por aqui, porém as minhas experiências com a degustação estão sendo tão fascinantes, que me sinto na obrigação de compartilhá-las com quem tem interesse pelo mundo das bebidas. A degustação é também uma importante aliada para a formação de repertório. Por intermédio dela e, somente depois de utilizá-la com afinco, poderemos nos mover pelo belo mundo dos sabores e aromas de forma mais lúdica e segura.

Inesquecíveis

Algumas degustações foram realmente importantes em minha vida. Provar 100 diferentes safras de um grande vinho de Bordeaux me fez entender como funciona o conceito de evolução e até mesmo conseguir montar um esquema para saber como os outros vinhos se portariam ao evoluir. Outra prova muito importante foi a de vinhos (ainda não totalmente prontos), que formariam a base para um champanhe. Com essa degustação, consegui esmiuçar e entender como cada vinho (feito de uvas diferentes) trabalha de maneira distinta para aportar diferentes aspectos à bebida: um aportaria estrutura, outro algo peculiar em seu aroma e, no final, o equilíbrio e a sinergia tornam-se tão grandes que não conseguimos pensar em vinhos em separado e, sim, em uma obra de perfeita alquimia.
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Além dos vinhos

Quando falo sobre degustar, o mundo não se restringe somente a vinhos. As mais diferentes bebidas conseguem ser tão únicas perante suas semelhantes que a degustação se torna pura diversão. Diferentes tipos de Mezcal apresentam aromas e sabores próprios, com mineralidades distintas, as cachaças e a diversidade em relação às madeiras utilizadas para seu envelhecimento são um show à parte quando o assunto é aroma e sabor. O saquê talvez seja a bebida mais intrigante que tenho degustado nos últimos tempos. Sua coloração pode ser como a paleta de um artista com diversos tons, aspecto mais transparente ou bastante turvo, tranquilos ou levemente gaseificados, salinos ou cheios de fruta. Aqui, a diversidade pode nos deixar loucamente felizes.

Respeito aos sentidos

E por fim vos digo: degustar é uma forma de respeito não só às pessoas envolvidas na fabricação da bebida, é também o respeito máximo aos nossos sentidos. Portanto, beba com atenção!

*Graduada em Gastronomia, com especialização em Enogastronomia e maître-sommelier dos restaurantes D.O.M. e Dalva e Dito, em São Paulo.


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