Abrangente e instigante, a retrospectiva é generosa em evidenciar a grandeza de Pape. Reúne pinturas, relevos, gravuras, xilogravuras, cartazes de filmes, vídeos, fotografias, poemas, e repete experiências intuitivas que incitam a participação do espectador, como os Ballets Neoconcretos I e II, que, como quase toda a produção de Pape, integram elementos subjetivos e estreitam as fronteiras entre obra de arte e vida. A mostra também revela facetas pouco conhecidas da artista, com destaque para o período em que ela enveredou pelo cinema, entre 1967 e 1976, e investiu em produções de cunho documental e acento cinemanovista, como A Mão do Povo e Carnival in Rio, títulos ficcionais, como Wampirou, Arenas Calientes, e outros mais experimentais, como La Nouvelle Creation, que rodou em 35 mm manipulando imagens da NASA.
A exposição ainda traz célebres trabalhos de Pape, como a trilogia, produzida entre 1959 e 1965, Livro da Criação, Livro da Arquitetura e Livro do Tempo, a série Tecelares, criada entre 1954 e 1956 e apresentada na histórica Exposição Nacional de Arte Concreta, de 1956, quando ela ainda integrava o Grupo Frente. Outro ponto alto é a série Ttéias, instalações produzidas com fios de cobre, prata e translúcidos, definida pela artista como “uma rede onde as aranhas tecem planos de vida ou morte”.
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