Lygia Pape por inteiro

Vértice de um triângulo revolucionário para as artes visuais brasileiras, ao lado dos amigos Hélio Oiticica e Lygia Clark, a carioca Lygia Pape, morta em 2004, tem, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, a primeira ampla retrospectiva de sua obra. Intitulada Espaço Imantado, a mostra reúne quase 200 trabalhos da artista que, na segunda metade dos anos 1950, ajudou a apontar novas direções para a arte não figurativa do País ao integrar o Grupo Frente, que adotava a linguagem geométrica como forma de experimentação visual e abstração. Pape também protagonizou outras duas experiências divisoras, a primeira deflagrada com o Manifesto Neoconcreto, de 1959, carta de intenções do movimento que foi um dos pilares da arte contemporânea produzida no País, e a mostra Nova Objetividade Brasileira, realizada em 1967.
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Abrangente e instigante, a retrospectiva é generosa em evidenciar a grandeza de Pape. Reúne pinturas, relevos, gravuras, xilogravuras, cartazes de filmes, vídeos, fotografias, poemas, e repete experiências intuitivas que incitam a participação do espectador, como os Ballets Neoconcretos I e II, que, como quase toda a produção de Pape, integram elementos subjetivos e estreitam as fronteiras entre obra de arte e vida. A mostra também revela facetas pouco conhecidas da artista, com destaque para o período em que ela enveredou pelo cinema, entre 1967 e 1976, e investiu em produções de cunho documental e acento cinemanovista, como A Mão do Povo e Carnival in Rio, títulos ficcionais, como Wampirou, Arenas Calientes, e outros mais experimentais, como La Nouvelle Creation, que rodou em 35 mm manipulando imagens da NASA.

A exposição ainda traz célebres trabalhos de Pape, como a trilogia, produzida entre 1959 e 1965, Livro da Criação, Livro da Arquitetura e Livro do Tempo, a série Tecelares, criada entre 1954 e 1956 e apresentada na histórica Exposição Nacional de Arte Concreta, de 1956, quando ela ainda integrava o Grupo Frente. Outro ponto alto é a série Ttéias, instalações produzidas com fios de cobre, prata e translúcidos, definida pela artista como “uma rede onde as aranhas tecem planos de vida ou morte”.


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