Na manhã dessa quinta-feira, 13 de junho, Canoas se despediu oficialmente do 3º Fórum Mundial de Autoridades Locais de Periferia, evento que acontecia desde terça-feira na cidade.
Muito mais lotado que os outros dois dias, a movimentação tinha explicação: o encerramento ficaria por conta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mostrando que ainda mantém o prestígio em alta com os gaúchos, Lula chegou ao campus da Unilasalle, local das palestras, sob um coro de aplausos.
Na mesa, antes de Lula, falaram brevemente o prefeito de Canoas e o governador do Rio Grande do Sul, Jairo Jorge e Tarso Genro, respectivamente. Os dois elogiaram muito o ex-presidente. “Lula é o responsável pela revolução democrática no Brasil, foi o articulador da vontade da maioria!”, exaltou Genro.
Durante quase uma hora de palestra, Lula informou que não seguiria o protocolo que lhe foi passado e dispensou o discurso escrito. “Não gosto de usar essas palavras bonitas”, contou. Descontraído, as piadas começaram logo no início de sua fala, ao comprimentar autoridades presentes, reclamou da pronúncia de um nome alemão. “Poxa, esses eventos são complicado! Não tem um ‘Da Silva’ aqui”, em uma de muitas das brincadeiras que ele fez ao longo da manhã.
Falando como uma espécie de consultor, aconselhando as centenas de prefeitos presentes no fórum, Lula afirmou que, basicamente, o esforço deve ser focado em fazer tudo aquilo que cada um achava que seu antecessor deveria ter feito. “Não existe tarefa mais nobre”, analisou. Para a formação da equipe de governo, segundo o próprio, tarefa fundamental para um bom governo, o essencial não colocar alguém que você não possa tirar. “Amigo, só se for muito competente. Não vai dar um cargo para sua sogra”, brincou ele novamente.
Após as dicas valiosas, Lula lembrou um pouco dos seus oito anos a frente da presidência do Brasil e de sua relação com os prefeitos ao redor do País. “Nunca tratei nenhuma prefeito de forma diferente, independente de relação ou do partido, isso por que nessas interações eu não penso no prefeito, eu sempre pensava era nas necessidades do povo que ele governava”, revelou.
Sobre os problemas debatidos em Canoas, Lula apontou diversos fatores que agravaram a situação das cidades periféricas. A principal delas, para o ex-presidente, foi o intenso êxodo rural após a industrialização. “A migração foi muito forte e rápida, não existia como comportar essa migração as periferias passaram a aglomerar favelas. Na Europa, por exemplo, isso não aconteceu dessa forma. É preciso cuidar e investir no campo para que o morador das zonas rurais tenha oportunidades e não seja obrigado a vir para as cidades e, em alguns casos, passar extremas dificuldades e se tornar um quase indigente”, opinou.
Interrompido frequentemente durante seu discurso de quase 1 hora, as vezes por risos e as vezes por aplausos, Lula terminou exaltando a importância do debate e disse ser fundamental focar os esforços nessa questão. “É impossível o Brasil estar bem se as cidades estão mal”.
Em sua saída, mais reboliço, muitos queriam um registro do ex-presidente, outros queria, mais, fotos com ele, autógrafos, e também tinha aqueles que só queriam vê-lo. Sob o coro “Olê, olê olê, olá! Lula, Lula!”, deixou Canoas, com um mega-esquema de segurança, mas fazendo questão te atender, ao menos que com um sorriso, seus vários admiradores.
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