ARTE!Brasileiros conversa com Marina Abramović sobre seu filme

Está em cartaz nos principais cinemas do País, o documentário realizado pela artista Marina Abramović  no Brasil. Intitulado Espaço Além – Marina Abramović e o Brasil, o filme documenta uma viagem de mais de seis mil quilômetros pelo Brasil afora na busca por lugares e pessoas de poder. Mistura de documentário, “road movie” e suspense espiritual, expõe tanto o processo criativo quanto a jornada pessoal da artista sérvia, em uma busca por cura espiritual e inspiração artística, que culminou na exposição “Terra Comunal”, no SESC Pompéia em 2014. 

Logo de início uma cena de uma operação espiritual realizada pelo famoso médium brasileiro João de Deus – uma operação de olho feita sem anestesia na frente das câmaras e sob o olhar atento de Marina – já dá o tom do que virá a seguir. Cenas fortes, que fazem lembrar o início de carreira da artista sérvia, que nos anos 70 ganhou notoriedade no mundo da arte por desafiar os limites do corpo e da mente com performances altamente políticas que envolviam inclusive mutilação. De lá para cá, o trabalho de Marina passou a ter contornos menos diretamente políticos – nem por isso menos contundentes, e focar mais na investigação do que ela chama energia, expansão da consciência e limites entre arte e espiritualidade. Foi isso que a trouxe ao Brasil ainda nos anos 1980, quando veio ao Brasil pela primeira vez para pesquisar suas propriedade energéticas de cristais, que se tornariam tema recorrente de sua obra, e que aparecem no filme Espaço Além, em algumas belíssimas cenas. Além de João de Deus e dos cristais, a jornada inclui ainda lugares e cerimônias como os Vale do Amanhecer em Brasília, rituais xamânicos/ayahuasca na Chapada Diamantina, e também religiões afro-descendentes na Bahia. 

 
Dirigido por Marco Del Fiol, que já trabalhou com outros artistas consagrados como Olafur Eliasson e Isaac Julien, o filme consegue equilibrar cenas fortes com cenas poéticas de diversas paisagens brasileiras, além de passagens altamente confessionais em que Marina relata estar buscando a cura de um processo de decepção amorosa e outras dores emocionais. O que fica evidente através do filme é a abertura de Marina à vulnerabilidade, sua predisposição de se expor ao desconhecido, além do desejo de trazer a espiritualidade de volta à vida humana de forma geral, em uma atuação que há muito já ultrapassou os limites do campo da arte. 
 
Com produção da Casa Redonda e da Flagcx, direção de fotografia de Cauê Ito e trilha sonora original da dupla mineira O Grivo, o filme teve estréia mundial no festival South by Southwest, na categoria Documentary Feature Competition.

Serviço – Espaço Além  
86 min., 14 anos
Em cartaz nos cines Belas Artes, Itaú frei Caneca, Itaú Pompeia, Iguatemi Cinemark e Reserva Cultural.


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.