A história em imagens

O Papa João Paulo II em salvador, em 1991. Foto: Evandro Teixeira
O Papa João Paulo II em Salvador, em 1991. Foto: Evandro Teixeira

Se alguém quiser conhecer a história do Brasil dos últimos 50 anos, terá que, obrigatoriamente, passar pelas fotografias de Evandro Teixeira, um dos mais influentes fotojornalistas brasileiros, que em quase 60 anos de profissão já registrou os maiores eventos nacionais e alguns internacionais. Seu livro Evandro Teixeira: Retratos do Tempo – 50 anos é um passeio por momentos que definiram a vida brasileira e criaram uma visão crítica que nos obriga a olhar mais de uma vez para a mesma imagem.

Aliás, admirar as fotografias de Evandro Teixeira é sempre redescobrir  e entender outros lados da história narrada e apresentada. Começou a trabalhar no Diário da Noite, no Rio de Janeiro, para em seguida transferir-se para o Jornal do Brasil, onde ficou até o fechamento da edição impressa em 2010. Não deixou nunca de fotografar. Inesquecíveis são suas imagens feitas durante o período da ditadura militar brasileira, como a marcha dos cem mil. Ao lado da dureza de um fato que em muitos deixou cicatrizes, também encontramos a cultura de um país bossa-nova, os encontros de Vinícius de Moraes, Tom Jobim e Chico Buarque, o desfile e as passarelas do Carnaval, assim como as imagens de esporte. Se algo acontece, lá está Evandro Teixeira. Foi assim também no Chile dos anos 1970, após o golpe contra Salvador Allende, ao fotografar alguns presos políticos e também ao conseguir ser o único fotógrafo presente no funeral do poeta Pablo Neruda.

São 160 imagens divididas em conjuntos de sua atividade fotográfica: comportamento e Rio de Janeiro, ditaduras, política, futebol, religião, carnaval, o sertão, como explica Ana Cecília Impellizieri de S. Martins, editora do livro. Tocante e emocionante são as séries sobre os 100 anos de Canudos, onde interagiu com a população, contando a história de idosos que puderam sair da invisibilidade por meio de suas fotografias, assim como suas fotos que têm por inspiração o livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Aos 80 anos, o eloquente Evandro Teixeira não se cansa de olhar, mas acima de tudo de continuar narrando histórias que devem e merecem ser contadas.


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