Instituição cria programa artístico com prostitutas

Monica Nador
Monica Nador em seu ateliê, no Jardim Miriam, em São Paulo

Uma das questões que perpassam os debates do Episódio Museal, imersão em 13 instituições culturais de Joanesburgo e da Cidade do Cabo, na África do Sul, é a relação do museu com seu contexto. Recentemente, a artista brasileira Monica Nador realizou uma ação diretamente ligada a esse tópico em Medellín, no Museu de Antioquia.

Dirigido pela venezuelana Nydia Gutierrez, a instituição colombiana possui um programa denominado Museu e Territórios, que busca envolver comunidades próximas a ele.
Com Nador, o programa teve participação de cerca de dez prostitutas que trabalham no entorno do museu, mas “nunca tinham entrado lá”, ela diz. “Desenvolvemos estampas e pintamos tecidos que depois foram costurados e penduramos em uma grande faixa fora do museu”, contou a artista por telefone, já em São Paulo. 

“Fiquei muito feliz com a forma como a Monica lidou com a comunidade, e como seu trabalho vai para além do social, sendo também muito estético. Gostaria muito que ela pudesse voltar no próximo ano”, disse Gutierrez, na África do Sul.

Para Nador, um dos diferenciais do programa é ir além dos limites do mundo da arte: “Achei incrível que o museu trabalhe com assistentes sociais; eu sempre digo que a arte deve servir de acolhimento para os outros, e senti isso lá”. 

A artista passou duas semanas em Medellín, no final do ano passado, trabalhando diariamente com o grupo. “Uma delas perdeu a mãe aos 2 anos, o pai aos 8 e cresceu sozinha na rua. Então elas se apaixonam por quem dá carinho, por quem dá atenção”, explica.

Em uma leitura aberta da história da arte, Nador vê que há grande aproximação entre um projeto como o Museu e Territórios e o que se considera site specific, isto é, uma obra criada para um lugar específico: “Afinal, site specific é quando o artista põe os pés na terra e começa a se preocupar com o entorno”.


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