O pintor cronista

“Presentes de Natal”, 1827, aquarela, Coleção Museus Castro Maya, 15,5 cm x 21,7 cm
“Presentes de Natal”, 1827, aquarela, Coleção Museus Castro Maya, 15,5 cm x 21,7 cm

Em comemoração aos 450 anos da Cidade Maravilhosa, o Centro Cultural Correios apresenta O Rio de Janeiro de Debret. A exposição fica em cartaz até 3 de maio, e abriga 20 trabalhos do pintor francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848), que chegou ao Brasil no ano de 1816, com conterrâneos, em uma viagem conhecida como Missão Artística Francesa. O objetivo era fundar a Academia Imperial de Belas Artes, o que somente aconteceu em 1826.

“Poder reunir 120 originais de Debret em uma mesma mostra é grande oportunidade”, comemora a curadora Anna Paola Baptista. “Procuramos fazer um programa que mostrasse como ele vivenciou e retratou o cotidiano do Rio de Janeiro.”

A mostra carioca é dividida em temáticas, e a curadoria também busca abrigar a produção de Debret para além de seu trabalho como pintor oficial da Corte Portuguesa, então instalada no País.

“Após a exclusão daquilo que não fosse relativo ao Rio, tentei compreender a visão de Debret. A partir daí, montei os núcleos da exposição, algumas temáticas dentro do tema maior, o Rio”, conta Paola. “Entre as subdivisões temos a Beira-mar, baseada na primeira visão do viajante sobre o Rio, ao chegar à Baía de Guanabara, e retratada em obras como a aquarela Parte da Costa do Rio de Janeiro Conhecida pelo Nome de Gigante Deitado. Outra questão é a arquitetura do Rio Antigo, representada por,entre outros trabalhos, Cena Urbana, Rio de Janeiro.”

 “Café Torrado”, 1826, Coleção Museus, Castro  Maya, aquarela, 15,4 cm x 19,6 cm

“Café Torrado”, 1826, Coleção Museus, Castro Maya, aquarela, 15,4 cm x 19,6 cm

A mostra também exibe a produção voltada para o cotidiano carioca deste artista-viajante, que se assemelha a um cronista do dia a dia, como fica explícito na pintura Barbeiros Ambulantes (1826). A produção documental do francês também aparece como uma subdivisão, em retratos de momentos históricos, como a ilustração Cerimônia da Faustíssima Aclamação de S.M., o Senhor D. João VI, Rei do Reino Unido de Portugal e do Brasil e Algarves, Celebrada no Rio de Janeiro em 6 de fevereiro de 1818.

“Debret foi um grande cronista e também testemunha do nosso passado. Ele traz as minúcias desse cotidiano, principalmente da cidade do Rio de Janeiro. Mas a obra dele abrange mais do que isso. Falo do Rio também como um espelho. O centro do País”, comenta Paola.

Debret, assim como o alemão Johann Moritz Rugendas (1802-1858) e o inglês Henry Chamberlain (1796-1844), foram alguns dos primeiros artistas que retrataram o Brasil. Cada um com sua visão de mundo, se tornaram nomes importantes para o estudo iconográfico da história nacional.

O artista viveu na capital fluminense entre 1816 e 1831. Foi testemunha de mudanças estruturais, consequentes da vinda da família real portuguesa à colônia (1808). As obras expostas integram a coleção dos Museus Castro Maya que, entre aquarelas e desenhos, reúne um total de 500 trabalhos originais do francês.

O Rio de Janeiro de Debret
Até 3 de maio
Centro Cultural Correios
Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro – Rio de Janeiro/RJ
21 2253-1580 – www.correios.com.br


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