Outras praias

Foto: Divulgação / Galeria Nara Roesler
Obra de Vik Muniz, que será apresentada em Brasília. Foto: Galeria Nara Roesler

Em 2014, a Galeria Nara Roesler, uma das mais sólidas no mercado paulistano de arte, completa 25 anos. A efeméride especial será celebrada em São Paulo, mas também em novo endereço. Em 5 de agosto, Nara dará início às atividades comerciais de uma filial carioca. Sediada na zona sul do Rio de Janeiro, na Rua Redentor, em Ipanema, a galeria será instalada em um antigo sobrado de dois andares, que está sendo reformado.

Hoje, a galeria representa 36 artistas, sendo oito cariocas. Um deles, Marcos Chaves, foi convidado para realizar a mostra inaugural da nova sede. Chaves criou uma série em homenagem ao Rio de Janeiro, intitulada Academia, composta de trabalhos exclusivos.

Braço direito de Nara, ao lado do irmão Alexandre, Daniel Roesler revelou à ARTE!Brasileiros que a filial concretiza planos ensaiados já há alguns anos, mas que ganharam força nos últimos três, com a consolidação da feira ArtRio e outros sinais de fortalecimento do circuito de arte contemporânea carioca, como, por exemplo, a criação de novos espaços expositivos públicos e privados, entre eles o MAR – Museu de Arte do Rio de Janeiro e a Casa Daros. Para Daniel, outro aspecto decisivo foi a necessidade de aproximar os artistas representados pela galeria dos colecionadores locais. “Nossos artistas que não são do Rio têm interesse em mostrar seus trabalhos por lá, afinal, é uma cidade muito importante para o mercado de arte, de uma história cultural das mais ricas, que também possui forte tradição de colecionismo. Com a ArtRio, conhecemos muitas pessoas na cidade e desejamos ter uma presença ainda mais próxima.”

Iniciado em 2004, mas fortalecido em 2012, quando houve uma ampliação da sede paulistana, o projeto Roesler Hotel também será integrado à programação da filial carioca. Idealizado como uma rede de intercâmbio entre artistas e curadores, o projeto concretizou até agora 26 encontros, entre eles o que originou a mostra Cães Sem Plumas, atualmente em exposição no MAMAM, em Recife. A mostra, que trata das mazelas vividas por brasileiros marginalizados, teve curadoria de Moacir dos Anjos, foi realizada em novembro de 2013 na capital paulista e teve a participação de 15 artistas, entre eles Cildo Meireles, Claudia Andujar, Paulo Bruscky, Antonio Dias e Paulo Nazareth.

Questionado sobre os gargalos que inviabilizam um crescimento ainda maior do mercado de arte no País, Daniel contemporizou e segue otimista. “Nós costumamos levantar os problemas, mas também acho importante valorizar as conquistas. O mercado mudou muito e vive um grande momento já há alguns anos. As galerias e as feiras se profissionalizaram e cresceram significativamente. A SP-Arte, por exemplo, em dez anos de existência saiu de 40 galerias para mais de 130. Outro aspecto positivo é que foram criadas revistas e mais livros de arte são publicados no Brasil. Lógico, ainda há sérios problemas. Continuo achando que a tributação da arte no Brasil deveria ser algo que tivesse mais a ver com livros, com cultura e educação do que com artigo de luxo. Mas, mesmo com seus defeitos, o mercado será sempre necessário. Historicamente, a arte sempre floresceu onde havia mercado, seja em Florença, no Renascimento, em Nova York ou Paris.”


Comentários

Uma resposta para “Outras praias”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.