Como um nova-iorquino morando em São Paulo, a ideia de lar me parece muito distante às vezes – não somente fisicamente, mas também espiritualmente. Os Estados Unidos, país onde nasci, que foi fundado nos princípios da liberdade e inclusão, esta cada vez mais irreconhecível.
Durante as prévias das eleições presidenciais deste ano, tem sido difícil acreditar nas declarações racistas e ignorantes dos candidatos à Presidência da República sobre nossos vizinhos latino americanos – seus países, sua cultura contemporânea e seu riquíssimo patrimônio cultural. As injúrias hediondas contra o povo mexicano, feitas pelo candidato republicano, Donald Trump, não tiveram entretanto, qualquer lugar na minha mais recente viagem à feira de arte Zona Maco na capital mexicana. Cidade do México, que maravilha de lugar!
Arborizada, cheia de jardins, pessoas amáveis, tesouros culturais e delícias culinárias. Em um passeio pela manhã para ver os murais de Diego Rivera no Palácio Nacional do México – -acompanhado pelo jornalista Sebastián Ponce, autor do popular guia online da Cidade do México: gnetmap.mx (atualmente apenas em espanhol, mas publicação em inglês prevista para breve) –, fiquei mais uma vez impressionado com a profundidade cultural e complexidade dessa cidade incrível. Aos visitantes eurocêntricos, a Cidade do México oferece algo parecido com as maravilhas de Roma: uma constante, embora imprevisível, presença de fragmentos arquitetônicos milenares.
Fundada e construída sobre a capital asteca de Tenochtitlan em 1325, suas raízes remetem a um tempo muito mais antigo. A 48 quilômetros a nordeste da cidade ficam as ruínas de Teotihuacán, uma cidade antiga cujo império foi o epicentro de uma civilização mesoamericana estabelecida há mais de dois mil anos e que desapareceu misteriosamente em torno do ano 750, deixando para trás um complexo de pirâmides que inspirou os astecas, preservando um patrimônio cultural centrado na observação de estrelas e em diversas formas de contemplação astronômica.
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