O segundo retorno de Jorge Durán

Durán durante filmagens de "Romance Policial", em San Pedro de Atacama, no Chile - Foto: Elizabeth Escobar
Durán durante filmagens de “Romance Policial”, em San Pedro de Atacama, no Chile – Foto: Elizabeth Escobar

Na manhã de 5 de dezembro de 1973, da janela de um avião da extinta Varig, o diretor de cinema chileno Jorge Durán deixou seu país definitivamente. Temendo a repressão militar abrupta implantada pelo general Augusto Pinochet, que só terminou em 1990, ele conseguiu autorização, por meio de um primo policial civil, para uma saída imediata pelo principal aeroporto do país, em Santiago, com destino ao Brasil. “Passei seis anos trabalhando intensamente aqui sem poder voltar ao Chile.” Somente a partir de 1979, Durán pôde visitar sua família chilena todos os anos. “Desde essa época, comecei a ter vontade de montar um projeto no meu país. Principalmente nos anos em que escrevi roteiros para a televisão chilena, no começo dos anos 1990, durante o governo Collor. Por um período de três anos, pensei sobre esse projeto em viagens entre Santiago e Rio de Janeiro.”

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Há dois anos, o desejo de Durán, hoje com 73 anos, se tornou realidade: ele voltou ao Chile para dirigir um longa-metragem, o thriller Romance Policial, que tem estreia marcada para o início de junho nos cinemas nacionais. Conhecido por seu trabalho como roteirista de filmes como Pixote, A Lei do Mais Fraco, Lúcio Flávio, Passageiro da Agonia e O Beijo da Mulher Aranha, todos de Hector Babenco, Durán dirigiu com sucesso três filmes no Brasil: A Cor do seu Destino (1986), Melhor Filme no Festival de Brasília daquele ano; Proibido Proibir (2006), ganhador de mais de 20 prêmios nacionais e internacionais, como o de Melhor Filme nos festivais de Biarritz, Marseille e Viña del Mar; e o mais recente Não se Pode Viver sem Amor (2010).

Em Romance Policial, o ator brasileiro Daniel de Oliveira (Antônio) contracena com a chilena Daniela Ramírez (Florência) em San Pedro de Atacama, cidade turística localizada no deserto do Atacama, próxima à fronteira com a Bolívia. Antônio, um desiludido escritor carioca, viaja para a região em busca de inspiração para escrever um livro, algo que não consegue no Rio de Janeiro. Durante a estadia na cidade chilena, presencia um crime, acaba se tornando um dos suspeitos e inicia uma investigação por contra própria, enquanto tenta escapar das investidas do delegado Martínez (Álvaro Rudolphy), que tem ligações estranhas com Florência.

“Para mim, mais do que um retorno, é um filme brasileiro rodado no Chile”, defende Durán, sem negar que laços afetivos com San Pedro determinaram a locação. “Vou ao Atacama há 25 anos. Minha casa chilena é lá, tenho amigos e familiares lá, e minha filha mora e trabalha na cidade. É uma ligação muito forte”, conclui.


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